Faculdade de Medicina da Bahia
Universidade Federal da Bahia

Boletim Informativo - Ano IV - No.02


Notícias
Comissão enquadrará servidores no plano de carreira
O Ministério da Educação, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União do dia 12 último, determina a criação, em cada instituição federal de ensino, de comissão responsável pelo enquadramento dos servidores no plano de carreira dos cargos técnico-administrativos em educação. Leia mais...

Reforma Universitária
Entidades representativas das Universidades, Academia de Ciências e SBPC defendem anteprojeto da reforma universitária como oportunidade para debate necessário e urgente. Leia mais...

UNE apóia debate da reforma universitária
A União Nacional dos Estudantes (UNE) define apoiar o debate sobre a reforma universitária e repudia a ofensiva dos setores conservadores contra a mesma. Leia mais...
Reforma democrática e republicana, artigo de Tarso Genro, ministro da Educação.
O anteprojeto de reforma universitária que, modificado pelos debates em curso, será encaminhado ao Congresso Nacional segue as tendências da educação superior praticada nos países desenvolvidos e soberanos: busca de qualidade, amplitude social e identidade com os propósitos de justiça, contidos na idéia de uma nação pluralista e democrática. Leia mais...
Andifes quer mais vagas para docentes nas Universidades
Para a reitora da UFMG Ana Lúcia Gazzola, presidente da Andifes, mesmo a totalidade prevista até 2006, (6 mil vagas) não é suficiente para a reposição dos quadros e para garantir a expansão do sistema. Leia mais...
Em debate
O ocaso das universidades públicas?
TUTELANDO A UNIVERSIDADE
, por ALI KAMEL
Rápidas
PORTARIA 02.2005 - O Diretor da Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB), da Universidade Federal da Bahia(UFBa), Professor JOSÉ TAVARES-NETO, no uso das suas atribuições a resolve, através de Portaria 02.2005, designar o Prof. MODESTO ANTONIO DE OLIVEIRA JACOBINO, para presidir a Comissão de Avaliação de Desempenho dos Servidores Técnico-administrativos da Faculdade de Medicina da Bahia, como Representante da Direção, em substituição ao Professor Eduardo José Farias Borges dos Reis.

A comissão é também integrada pelos Servidores Edilene Ângela de Assis, Norma Murici de Jesus (membros titulares), Edvaldo Pereira dos Santos Filho e José Miranda Ribeiro (membros suplente A supracitada comissão, conforme Portaria número 300 / 2004, tem mandato de dois anos, no interstício de 22.04.2004 a 22.04.2006.

Colou grau no dia 21/01/2005, às 19:00 hs, parte da turma de 98.2 de Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia, no Centro de Convenções da Bahia. Outra parte colou grau no dia 22/01, às 19:00 hs, no Anfiteatro Alfredo Britto, Faculdade de Medicina da Bahia - Terreiro de Jesus.
O Jornal de Pediatria tem a satisfação de apresentar a lista dos 10 artigos e editoriais mais acessados através do site durante o segundo semestre de 2004. Dois dos artigos mais acessados do Jornal saíram do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Bahia. São os artigos: Hábitos alimentares de crianças menores de 1 ano amamentadas e não-amamentadas, por Graciete O. Vieira , Luciana R. Silva , Tatiana de O. Vieira , João Aprígio G. de Almeida , Vilma A. Cabral e Anemia falciforme e infecções, por Dayana V. P. Di Nuzzo, Silvana F. Fonseca.
Foram eleitos eleitos como representantes dos Adjuntos na CPPD. Titular: Profa. Amalvina Costa Barbosa (Geociências) e-mail: amalvina@ufba.br - tel: 2038553. Suplente: Prof. Aliomar Arlego Paraguassu (Veterinária) tel: 2456131 e 91611124.
Seleção de Médicos para assistência indígena - A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) está selecionando médicos para atuação na assistência à saúde indígena em Mato Grosso do Sul. São seis vagas: uma para pediatra, uma para ginecologista e quatro para clínico geral. O salário é de R$ 6,9 mil. Profissionais interessados podem encaminhar currículo para o e-mail:dseims.ms@funasa.gov.br, ou ainda para o endereço: Rua Jornalista Belizário Lima, 263, Vila Glória - CEP 79004-720 Campo Grande (MS). Mais informações pelo telefone (67) 383-5403.
Pensando a Aposentadoria - Dando continuidade às atividades propostas pelo Programa de Preparação para a Aposentadoria, divulgado através do Seminário "Pensando a Aposentadoria como uma etapa de vida", a SAS/CDH/DSA, estará inscrevendo os interessados em participar desse programa a partir do ano de 2005- servidores docentes e técnico - administrativos que estejam há pelo menos 2 anos próximo á aposentadoria. O período de inscrição será de 28/02/05 a 04/03/05. Maiores informações, procurar as técnicas da Coordenação de Desenvolvimento Humano Dione, Cláudia ou Edmildes, através do telefone 263-6407.
Eventos
VIII FÁBRICA DE IDÉIAS - Curso Avançado sobre Relações Raciais e Cultura Negra. Local: Salvador e Cachoeira (BA). Período: 8 a 26 de agosto de 2005. Informções: http://www.ceao.ufba.br/fabrica/
I Congresso Luso-Brasileiro de Medicina Interna, a ser realizado em Salvador (Bahia - Brasil), no Hotel Pestana, de 05 a 07 de abril de 2005. Informações: tel fax (71) 247-1585/245-0822. http://geocities.yahoo.com.br/congresso_sbcmba/lusobrasil_2005.html, e-mail congresso_sbcmba@yahoo.com.br
X CONGRESSO BRASILEIRO DE COLUNA, de 12 a 14 de maio, Costa do Sauípe - Bahia. Local: Sofitel da Costa do Sauípe. Informações: astreaturismo@astreaturismo.com.br ou no site: http://www.astreaturismo.com.br/.
XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE NEFROLOGIA PEDIÁTRICA e III CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM EM NEFROLOGIA PEDIÁTRICA. De 29 de abril a 01 de maio, Recife - Pernambuco. Local: Mar Hotel. Informações: astreaturismo@astreaturismo.com.br ou no site: http://www.astreaturismo.com.br/.
WCEF - World Congress on External Fixation, 26 a 28 de maio, Lima - Peru. Informações: http://www.externalfixation2005.com/
O Centro de Medicina Legal (CEMEL) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) abrirá as inscrições a partir de 2 de janeiro para o curso de Introdução ao Direito Médico e a Medicina Normativa, que acontecerá entre os dias 02 de março e 29 de junho de 2005, com aulas nas noites de quarta-feira. É dirigido a médicos graduados. O curso é gratuito. Informações e programação: www.rpa.fmrp.usp.br/cemel tel. (16) 602.4351.
III Congresso Brasileiro de Espiritualidade e Prática Clínica - Data: 09 a 12 de Junho de 2005. Telefax: 11 3255-1544. Home-Page: www.psicoexistencial.com.br E-mail: psicoexistencial@psicoexistencial.com.br
I Encontro Estadual de Saúde da Família - Revisões do PSF: os olhares baianos.13 a 15/02/2005. Contatos:71/3115 4198/4162. dps@saude.ba.gov.br; encontropsfba@saude.ba.gov.br
Estão abertas as inscrições para o BIOMUNDI 2005 - A Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do RS (SENAI-RS) e a Secretaria da Ciência e Tecnologia do RS (SCT), vão promover o BIOMUNDI 2005 - Fórum Internacional de Biotecnologia, no período de 24 a 26 de maio de 2005, no Salão de Atos da PUCRS, em Porto Alegre/RS.
As inscrições para trabalhos científicas já estão abertas (prazo final: 28 de março de 2005).
Os interessados em receber o regulamento ou inscrever trabalhos e outras informações, podem acessar o e-mail laura@efep.com.br. Em breve, o site do evento também estará à disposição: www.biomundi.com.br
Inscrições abertas para o 1º. Congresso Iberoamericano de Neuroimunomodulação/CIBANIM 2005, que ocorrerá no período de 10 a 13 de abril de 2005, no Hotel Othon Palace, Copacabana - Rio de Janeiro/RJ.Informações: www.neuroimuno.com.br; neuroimuno@gauche-eventos.com.br; savino@fiocruz.br
Curso de Especialização em Medicina Esportiva - Coordenador: Prof.Dr. João Gilberto Carazzato. Público alvo: Médicos Graduados. Critério de seleção: Curriculum Vitae. Número de vagas: 20. Período de Inscrição:03/01/05 a 28/02/05. Valor da inscrição:R$200,00. Local: SVCEX/FMUSP- Av. Dr. Arnaldo 455, sala1000, Cerqueira Cesar - São Paulo. Horário: 9 às 12h e das 13 às 15:30h. INFORMAÇÕES: SVCEX/FMUSP- Fone: 0 XX 11 3066-7454 (Meire ou Rita).
VII Congresso Brasileiro de Videocirurgia: Perspectivas e controvérsias: Vitória/ES - 20 a 23/04/2005 – Informações: Tel/Fax (27) 3324-1333; (21) 3325-7724; 2430-1608; congresso@sobracil.org.br; www.sobracil.org.br/congresso.
Mande notícias para o e-fameb
Através do endereço efameb@ufba.br você pode enviar notícias, divulgar eventos ou solicitar o recebimento do boletim.
Expediente

e-fameb
Formato e edição:
Márcio Alírio Silveira e Márcia Magalhães Guimarães
Seleção e revisão:
Jundiara Paim

Faculdade de Medicina da Bahia - Praça XV de novembro, s/n - Largo do Terreiro de Jesus CEP 40025-010 Salvador, Bahia, Brasil Tel:(55)(71) 321-0383/0983/4503 medicina@ufba.br/ Pavilhão de Aulas - Av. Reitor Miguel Calmon, s/nº, Vale do Canela - CEP: 40110100 Salvador, Bahia, Brasil - Tel.: (55)(71) 2450739/8033/8562

 

 

 

 

Notícias
Comissão enquadrará servidores no plano de carreira
O Ministério da Educação, por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União do dia 12 último, determina a criação, em cada instituição federal de ensino, de comissão responsável pelo enquadramento dos servidores no plano de carreira dos cargos técnico-administrativos em educação. A comissão será
composta por servidores que optarem pela carreira da respectiva instituição e por representantes da administração superior de cada escola.

A comissão terá, no mínimo, quatro integrantes para instituições com até dois mil servidores ativos, aposentados e pensionistas. Acima de dois mil, deve haver, pelo menos, mais dois integrantes para cada mil servidores ou fração igual ou maior do que 500.

O processo eleitoral será coordenado pela associação sindical que representa os servidores técnico-administrativos, desde que reconhecida pela Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) e pelo Sindicato Nacional dos Servidores da Educação Básica e Profissional (Sinasefe).
A comissão deve ser instalada no prazo de 30 dias, a contar da publicação da portaria.

Atribuições – A comissão terá as atribuições de receber o termo de opção e proceder ao enquadramento dos servidores; instrumentalizar o procedimento de homologação; encaminhar à instância superior da instituição a listagem de enquadramento e a análise dos recursos; divulgar a publicação do enquadramento; analisar os recursos dos servidores; acompanhar os recursos negados, remetidos pelos servidores; e encaminhar à comissão nacional supervisora os dados para os cálculos da segunda fase do enquadramento.

Repórter: Sandro Santos

voltar
Reforma Universitária
Eis o texto integral da mensagem, datada de 17 de janeiro de 2005, que foi entregue ao ministro da Educação, Tarso Genro, por comitiva de membros de todas as entidades envolvidas:

"A ABC, a Abruc, a Abruem, a Andifes, o Crub e a SBPC viemos expressar publicamente nossa convicção de que a apresentação pelo MEC de um anteprojeto de Reforma da Educação Superior constitui oportunidade singular para um debate necessário e urgente.

Consideramos serem fundamentais a consolidação do sistema público e a implementação de um marco regulatório que confira organicidade à educação superior do país.

A Reforma que defendemos deve criar condições para a solução, entre outras, de questões referentes à autonomia, financiamento, sistemas de avaliação, expansão com garantia de qualidade e inclusão, flexibilização e avanço dos modelos acadêmicos, superação das desigualdades sociais e regionais e afirmação da dimensão estratégica da educação superior e da Universidade como instrumentos
para a construção de um projeto de nação.

Defendemos uma participação qualificada no debate, tanto na fase atual de consulta a entidades quanto na discussão em âmbito nacional e durante a subseqüente tramitação do projeto no Congresso.

Estamos empenhados em colaborar para o aperfeiçoamento do anteprojeto.

Para isto, propomos aprofundar a discussão, associando-nos a outros segmentos e entidades da área educacional e científica, a governos e sistemas estaduais de Educação, Ciência e Tecnologia, ao setor produtivo, bem como a diferentes ministérios e setores do governo federal, tendo à frente o Ministério da
Educação, para que a reforma da educação superior assuma a dimensão que a sociedade brasileira espera."

A nota é assinada por Eduardo Krieger, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC); Aldo Vannucchi, presidente da Associação Brasileira de Universidades Comunitárias (Abruc); José Antônio dos Reis, presidente da Associação Brasileira de Universidades Estaduais e Municipais (Abruem); Ana Lúcia Almeida Gazzola, reitora da UFMG, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); Manassés Claudino Fonteles, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub); e Ennio Candotti, presidente da SBPC.

voltar
UNE apóia debate da reforma universitária
A União Nacional dos Estudantes (UNE) define apoiar o debate sobre a reforma universitária e repudia a ofensiva dos setores conservadores contra a mesma Esta foi a decisão tomada pela diretoria plena da entidade, em reunião realizada no último final de semana, em SP (21/01).
Conforme a UNE, o anteprojeto é caracterizado por avanços e aspectos positivos.
Da reunião resultou, também, uma nota de repúdio ao que a UNE chama de ofensiva dos empresários do ensino privado e dos setores conservadores da sociedade brasileira, que reagiram contra o anteprojeto de reforma universitária, colocado em discussão pelo MEC.
Link para a nota:
http://www.une.org.br/home/une_janeiro_2005/reformauniversitaria_doc.doc
voltar
Reforma democrática e republicana

Tarso Genro é ministro da Educação.

O anteprojeto de reforma universitária que, modificado pelos debates em curso, será encaminhado ao Congresso Nacional segue as tendências da educação superior praticada nos países desenvolvidos e soberanos: busca de qualidade, amplitude social e identidade com os propósitos de justiça, contidos na idéia de uma nação pluralista e democrática.

O Ministério da Educação (MEC) reconhece a importância da iniciativa privada na educação superior. Lastima apenas que o estudante hoje não possa optar pela universidade pública ou pela universidade privada, pelo simples fato de que a falta de investimento na educação pública levou a um déficit de vagas na rede pública tão grande que dificilmente os esforços envidados pelo governo Lula conseguirão suprir.

Este empenho do atual governo fica explícito na criação de 11 unidades acadêmicas (universidades, pólos universitários e câmpus avançados) federais já neste ano. Essas instituições, quando estiverem totalmente implantadas, oferecerão 400 mil novas vagas.

O MEC reconhece que a universidade privada é, antes de tudo, uma necessidade. Entretanto, é preceito básico que a educação não é mercadoria, é bem social, e é obrigação do Estado zelar pelos interesses de toda a sociedade.

Quanto à reserva de vagas, decisão já tomada por várias instituições federais no âmbito da sua autonomia, o MEC propõe que 50% das vagas das Universidades federais sejam destinadas a alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas.

Não é segredo para ninguém que as vagas nas Universidades públicas são disputadas por jovens de todas as camadas sociais - mas os jovens das altas camadas têm mais sucesso na disputa.

É essa realidade que vamos mudar com a reserva de vagas - ao destinar 50% das vagas públicas a alunos da rede pública, além de possibilitar que excelentes alunos que não tiveram oportunidade de freqüentar cursinho possam entrar numa universidade federal. Estes jovens, evidentemente, terão seus conhecimentos avaliados pelo vestibular.

Dentro das vagas reservadas a alunos de escolas públicas, será destinado a afro-brasileiros e a indígenas um porcentual idêntico à participação dessas etnias na composição populacional de cada Estado.

Por exemplo: se, no censo do IBGE, 16% da população de um Estado se autodeclarou negra e 2% se declararam indígenas, do total de vagas reservadas para provenientes de escolas públicas nas Universidades federais daquele Estado, 16% serão destinadas a negros e 2% a indígenas.

É fundamental ressaltar que quaisquer alunos, para ingressar na universidade, deverão conquistar a aprovação no processo seletivo - e esse processo avalia o mérito. Não se pode confundir aprovação com classificação.

Por exemplo: para ser aprovado num processo seletivo, o aluno tem de alcançar determinado número de pontos. Alcançados esses pontos, ele está aprovado. O que acontece é que não há vagas suficientes para todos os aprovados e apenas os mais bem classificados podem, efetivamente, ingressar na universidade.

A reserva de vagas assegurará o acesso exclusivamente a alunos aprovados. E quem diz que o aluno foi aprovado é a instituição, que estabelece o critério de seleção, e não o MEC.

A autonomia universitária é o item norteador da reforma universitária. O MEC entende e deixa clara essa posição no texto que será enviado ao Congresso Nacional. Os Conselhos Comunitários Sociais, propostos pelo projeto, não comprometem a autonomia dos Conselhos Universitários na decisão de rumos de suas instituições.

Os Conselhos Comunitários deverão ser presididos pelos reitores de cada instituição e sua função, explicita o projeto de lei, é a de opinar - e não de controlar, como se afirma equivocadamente.

A interlocução da universidade com organizações da sociedade civil é ampla, na nossa proposta. Ela deve ser feita com pessoas jurídicas, e não com "movimentos" abstratos, independentemente de quem eles representam legalmente, como é recomendável numa sociedade pluralista e aberta: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Ordem dos Advogados dos Brasil, Conselho Federal de Medicina, Confederação Nacional da Indústria e Federação Nacional dos Jornalistas, por exemplo.

O MEC entende que a interação da academia deve dar-se com todos os setores da sociedade, por isso induzimos essa interlocução na reforma. Isso não rebaixa a qualidade do ensino ou da pesquisa, mas amplia a sua influência social e qualifica os interlocutores, até mesmo para o convívio democrático.

A proposta da criação de um Conselho Comunitário Social visa a ouvir a nossa sociedade organizada. Esse conselho encaminhará subsídios para a fixação de diretrizes e para a política geral da universidade.

É um órgão consultivo, não é deliberativo. Os colegiados deliberativos terão, segundo o anteprojeto de lei, maioria de representantes do corpo docente, o que é uma garantia da autonomia da universidade - aliás, já prevista na Constituição.

Para que possa existir mais interação com a sociedade também foi proposta a criação do Fórum Nacional de Educação Superior, órgão também consultivo, que se reunirá periodicamente com a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, por sua convocação e sob sua coordenação.

O projeto do MEC é democrático e republicano, adota orientações da Constituição federal e não tem nenhum sentido ideologicamente discriminatório ou autoritário. Um projeto de corte soviético seria autoritário e tecnocrático. Não ouviria ninguém. Nesse sentido, o neoliberalismo é, sem dúvida, mais próximo do sovietismo.

Os artigos introdutórios do projeto do MEC apenas reiteram na lei o que já manda a Constituição, subordinando a reforma à atual ordem jurídica, como é de bom costume numa sociedade democrática. O estranho é que isso cause mal-estar.

voltar
Andifes quer mais vagas para docentes nas Universidades
Para a reitora da UFMG Ana Lúcia Gazzola, presidente da Andifes, mesmo a totalidade prevista até 2006, (6 mil vagas) não é suficiente para a reposição dos quadros e para garantir a expansão do sistema

Comentando a decisão do Ministério do Planejamento que liberou 2.500 vagas para contratação de docentes nas instituições federais de ensino superior, a reitora da UFMG Ana Lúcia Gazzola, presidente da Andifes, disse que a decisão "é muito bem vinda, embora esteja claro para o governo e para a Andifes que essas vagas, mesmo na totalidade prevista até 2006, (6 mil vagas) são insuficientes para a reposição de nossos quadros e para garantir a expansão do sistema".

Contudo, ela ressaltou que "em dois anos o governo Lula colocou mais vagas em concurso do que o governo anterior o fez em oito anos. No entanto - observou - processos como o PDV (Programa de Demissão Voluntária) e a própria reforma da previdência diminuíram drasticamente nossos quadros, o que se agrava mais ainda pelo fato de que o sistema federal de educação, apesar de tudo cresceu em número de cursos de graduação e pós, em educação a distância, em pesquisa científica e em atividades de extensão".

Gazzola acrescentou que outra boa noticia foi a decisão do governo que, "atendendo solicitação da Andifes, definiu que as 500 vagas previstas para novas Universidades e na implantação de novos campi serão adicionais às atuais 6 mil alocadas para as instituições que compõem a Andifes".

A reitora informou também que já foi feita ao presidente da República pedido para a liberação automática de vagas para concurso nos casos de exonerações.

Ela disse ser "importante deixar claro que atingimos um patamar de reposição parcial e precisamos de pelo menos mais 3 mil vagas para completar o processo de reposição dos quadros docentes das Ifes".

Segundo a reitora, "para que o projeto da Reforma Universitária realize de fato a meta nele expressa de expansão do sistema federal, capacitando-o para ampliar a oferta de vagas em educação superior no país, serão necessárias vagas adicionais de docentes para os quadros das Ifes".

voltar

Em Debate
O ocaso das universidades públicas?
TUTELANDO A UNIVERSIDADE

11/01/2005

O anteprojeto de reforma universitária, em discussão pública até 15 de fevereiro, é assim: uma leitura
ligeira dá a impressão de que ele veio para reforçar a liberdade acadêmica, dar autonomia às universidades e impedir que o ranço ideológico atrapalhe o desenvolvimento científico. Mas é o contrário: ele é dirigista e levará a universidade, pública e privada, à tutela do governo e de movimentos sociais.

Para melhor entendimento do que digo, reproduzo aqui alguns pontos do anteprojeto (os grifos são
meus). No artigo terceiro, inciso segundo, está dito que a educação superior terá como um dos objetivos a "formação e a qualificação de quadros profissionais, (...) cujas habilitações estejam especificamente direcionadas ao atendimento de necessidades do desenvolvimento econômico, social, cultural, científico e tecnológico regional (...)".

O artigo quarto define os preceitos que devem reger a educação superior. Um deles, segundo o inciso
segundo, é a "responsabilidade social". O outro, descrito pelo inciso quarto, é o "atendimento das necessidades definidas como de interesse público, (...) em razão dos interesses nacionais, especialmente com vista à redução de desigualdades sociais e regionais (...)". Ao definir o que é responsabilidade social, o artigo quinto relaciona nove incisos. O segundo explica que tem responsabilidade social a instituição que observar o "atendimento de políticas e planejamento públicos para a educação superior".

Para "examinar" o cumprimento das exigências a serem seguidas pelas universidades, públicas e privadas, cria-se o Conselho Comunitário Social, presidido pelo reitor, com a participação do vice-reitor, de representantes do poder público, mas composto majoritariamente por pessoas de fora da universidade, como membros de entidades corporativas, entidades de fomento, associações de classe, sindicatos e sociedade civil. Este conselho terá muitas atribuições, entre elas avaliar o planejamento estratégico da instituição, emitindo relatórios que terão de ser levados obrigatoriamente em conta pelo MEC nas avaliações das universidades.

Pronto, o círculo está fechado. Primeiro, diz-se que as universidades, públicas e privadas, devem estar
voltadas para o desenvolvimento regional, segundo os interesses nacionais e atendendo às políticas e aos
planejamentos públicos, definidos pelo governo. Depois, cria-se um conselho da "sociedade civil", que irá tutelá-las. A partir disso, como falar em autonomia e liberdade acadêmica e de pesquisa? A universidade tem de ser livre, pesquisar as diversas áreas do conhecimento humano, afastada toda visão utilitarista da ciência. Do jeito que está proposto, um burocrata do MEC ou o tal Conselho Comunitário Social pode
dizer que esta ou aquela área não deve ser estudada porque está fora do que imaginam ser o interesse nacional, o que é contra a essência mesma da ciência.

Algo totalmente soviético, do tempo em que se acreditava na planificação irrestrita da sociedade. Se isso é descabido em relação a instituições públicas, é delirante em relação às privadas. A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação tem uma redação muito mais condizente com o espírito livre que deve reger as universidades (e que é seguido em todos os países sérios do mundo). Entre muitos itens que falam do estímulo ao desenvolvimento da investigação científica, a lei estabelece que é finalidade da educação superior "estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais (...)". Redigida dessa maneira, a liberdade de pesquisa não tem condicionantes, como não deve ter.

No anteprojeto, é apenas formal o reconhecimento de ampla autonomia administrativa, didático-científica e de gestão financeira e patrimonial. Porque, além do que já demonstrei, os reitores e vice-reitores, nas
universidades públicas federais, terão de ser eleitos pelo voto direto de professores, funcionários e alunos (peso maior para docentes). As instituições serão administradas por um colegiado, cujos membros também serão escolhidos pelo voto direto. Nas universidades particulares, pelo menos um dos membros do conselho superior terá de ser eleito pelo voto direto. Ou seja, a universidade é livre para se organizar, desde que se organize do modo como o atual governo acha que é o certo.

O anteprojeto impõe também a universidades públicas e privadas a presença de funcionários administrativos em seus conselhos superiores, que decidirão em última instância a vida da instituição. Por que um funcionário deve opinar sobre o que uma universidade produz? É o mesmo que propor que auxiliares de escritório façam parte do conselho de uma grande produtora e possam opinar sobre os filmes a produzir, o roteiro, a direção artística. Esse viés sindicalista está também na obrigatoriedade de as universidades destinarem espaços físicos para os órgãos de classe. O que uma sala para sindicato tem a ver com a produção científica?

Em relação às universidades privadas, o anteprojeto é francamente hostil. Enquanto a Constituição
reconhece que o ensino privado é um direito, a proposta do MEC, em seu artigo sexto, diz que "a liberdade de ensino à iniciativa privada será exercida em razão e nos limites da função social da educação superior". E o parágrafo sexto do artigo 64 determina que 70% do capital total e do capital votante das mantenedoras deverão pertencer a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. Na hipótese de Harvard desejar instalar no país um centro de excelência, não poderá. Talvez para impedir que os nossos jovens sejam inoculados com o vírus vindo de um país em que não há condicionantes para a liberdade.

Por fim, o financiamento das universidades públicas. Segundo o anteprojeto, o governo destinará ao
ensino superior 75% das verbas da União carimbadas para a educação, excluído o dinheiro do futuro Fundeb. No cálculo otimista do governo, será mais R$1 bi. O anteprojeto garante que as universidades receberão no mínimo a quantia do ano anterior acrescida do necessário para cobrir o reajuste do
funcionalismo. Sopa no mel. Pegue um orçamento gordo e irredutível, dê a professores, funcionários e alunos a obrigação de disputá-lo no voto e o leitor poderá imaginar no que as universidades se transformarão. O certo seria o financiamento público de acordo com metas objetivas de qualidade: número de cursos, de alunos, de formandos, de doutores, de linhas de pesquisa (quaisquer que sejam), de teses publicadas etc. E as universidades deveriam ser estimuladas a conseguir fontes de financiamento privado.

As universidades têm de ser livres para estudar o que a sua vocação determinar, autônomas para se
organizar da melhor maneira para atingir os seus fins e responsáveis pelo seu financiamento. Se forem bem geridas, terão alunos, prestígio e verbas.

Nisso, o anteprojeto é coerente: não reforça a liberdade acadêmica, não dá autonomia nem tampouco
impõe responsabilidades.

PS: Sim, claro, o anteprojeto torna obrigatória a adoção de políticas de ação afirmativa e põe um fim à meritocracia. Cria um programa de monitores, mas determina que os escolhidos não serão os melhores, mas os melhores entre os mais pobres.

ALI KAMEL é jornalista.

voltar