Na cidade da Bahia, no ano de 1843, as casas de caridade vão cumprindo com o seu desiderato, qual seja, o de alimentar, educar e curar os necessitados. Todavia, as pias instituições não estão dando, presentemente, ocupação proveitosa para os de um e outro sexo, que pela idade e estado de saúde podem ser aproveitados no trabalho, conforme, exemplificando, a prática no Arsenal de Guerra com os aprendizes menores, que têm horas destinadas para a lição e doutrina cristãs e utilizam o resto do tempo no trabalho das oficinas, as quais poderão ser introduzidas nas sobreditas casas de caridade, equipadas com teares de fiar e tecer algodão, além de todo o gênero de costuras, confeitarias e outras manufaturas que não dependem de grandes forças e que podem dar um rendimento à Casa onde tais pessoas se recolhem.

Continua bem administrado o Colégio dos Órfãos, (1) que atualmente mantém e educa cento e seis meninos. O seu patrimônio consiste em moradas de casas, apólices da dívida pública e alguns escravos e dívidas ativas provenientes de legadas subscrições e aluguéis de casas correspondendo ao valor de mais de 100.000 Rs.

Presentemente, o Hospital dos Lázaros, (2) que tem setenta e cinco doentes, sofreu diminuição no principal objeto da sua receita que é o rendimento do Celeiro, (3) cuja arrecadação aumenta na razão da maior quantidade de farinha que vem de barra fora ao mercado da capital. Ocorre que, quando na escassez no Recôncavo, o seu rendimento no ano de 1842 foi de 11:406$000Rs, quando neste ano de 1843, apesar do zelo e atual atividade do atual administrador, foi de 0:650$020Rs, havendo por conseqüência uma diminuição de perto de 3:000$. Por essa razão e pela necessidade de se fazerem alguns concertos no chafariz da capela e casa do capelão, ainda não pode ter lugar a nomeação de facultativos permanentes, que para aquele hospital o governo da província criou a lei nº 196 de 10 de março de 1843, cuja nomeação só poderá ser realizada se for pago o seu ordenado pelo cofre provincial, quando não chegarem para isso os rendimentos do mesmo estabelecimento.

O Conselho de Salubridade (4) continua a zelar pela difusão da vacina, cuja rotina se vai generalizando consoante a quantidade de vacinadores que se tem conseguido aumentar. O mesmo Conselho considera insuficiente a consignação marcada para tal despesa e no mapa demonstrativo das pessoas vacinadas dentro da capital no ano de 1842 apresenta o total de 1:521, sendo 1:294 crianças e 227 adultos.

O Passeio Público (5) pode sustentar sua conservação e limpeza com a mesma soma que lhe foi consignada o ano passado, mas precisa de uma quantia não ordinária para cerrar-se com muro de pedra e cal pela parte inferior que fica fronteira à Gamboa e para substituir o gradeado de pau que o cerca pela frente por outra de ferro, a fim de evitar os sucessivos consertos de que as ditas grades está sempre a carecer.

O Teatro Público (6) continua com o mesmo desinteresse pelos espectadores, excetuando-se os dias de Festa Nacional ou de benefício, não dando as receitas nem para as despesas ordinárias.

Quinta-feira, 19 de janeiro – Hoje pela manhã, o diretor da Escola de Medicina do Rio de Janeiro, Dr. Jozé Martins da Cruz Jobim (7) comunicou ao diretor da Escola de Medicina da Bahia, Dr. Francisco de Paula Araujo e Almeida, dando conta de que os “Alumnos Joaquim Carneiro de Miranda e João Gomes dos Reis, que se achão nessa Cidade, afim de ahi continuar seos estudos medicos, frequentarão nesta Escola o 2º e 3º anno do Curso de Medicina, e estão por isso no caso de serem admittidos aos respectivos exames.”

Quarta-feira, 25 de janeiro – Lá pelas 10 horas da manhã, o presidente da província da Bahia, Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos, encaminhou exemplar da Fala do Trono ao diretor da Faculdade de Medicina da Bahia: “Transmitto a V.S., para seo conhecimento, o incluso exemplar da Falla do Trono na Abertura da 1ª Sessão da 5ª Legislatura da Assemblea Geral Legislativa, que teve lugar no dia 1º do corrente mez, o qual me foi remettido com outros pela Secretaria de Estado dos Negocios do Imperio, com Avizo de 2 do mesmo mez.”

Eis a íntegra da Fala, cujo exemplar foi recebido, hoje pela manhã, pelo diretor Paula:

“FALLA COM QUE SUA MAGESTADE O IMPERADOR O SENHOR D. PEDRO II ABRIO A PRIMEIRA SESSÃO DA QUINTA LEGISLATURA DA ASSEMBLÉA GERAL LEGISLATIVA NO DIA 1º DE JANEIRO DE 1843.

AUGUSTOS E DIGNISSIMOS SENHORES REPRESENTANTES DA NAÇÃO.

Venho com o mais vivo prazer Abrir a primeira Sessão da 5ª Legislatura.

Certo da vossa solicitude por tudo o que póde contribuir para a Minha felicidade, e esplendor do Meu trono , Tenho a satisfação de Annunciar-vos, que Hei ratificado o contracto do Meu consorcio com S. A. R. a Serenissima Princeza D. Theresa Christina Maria, Augusta Irmã de S. M. o Rei das Duas Sicilias.

Subsistem inalteradas as relações de amizade entre o Imperio e as Potencias Estrangeiras; e Confio na Providencia Divina que não será interrompida a paz externa de que gozamos.

A profunda magoa que Me causou a rebellião declarada em Sorocaba e Barbacena,(8) foi apenas mitigada pelas provas, que derão os Brasileiros, e de sua dedicação ás Instituições do Império, e de affeição á Minha Augusta Pessoa. Recordo-Me com gratidão do enthusiasmo, e presteza, com que acudírão, ainda de Provincias distantes, á defesa da ordem publica, e das Prerogativas da Minha Coroa. A esta efficaz cooperação de Meus fieis Subditos, e no valor da Marinha e Exercito, auxiliado pela briosa Guarda Nacional, debaixo dos auspicios do Todo Poderoso, deve o Meu Governo o ter podido reduzir á obediencia, em curto espaço de tempo, os rebellados das Provincias de São Paulo, e Minas Geraes.

Huma parte do Rio Grande do Sul goza ha mais de anno dos beneficios da paz, e Nutro a esperança de que elles se estenderão a toda a Provincia.

O estado da Fazenda Publica altamente requer vossa attenção; e o complemento da reforma de algumas disposições importantes da nossa Legislação, he de urgente necessidade. Tenho que nesta Sessão vos occupareis desveladamente destes graves assumptos; bem como da Instrucção Publica, e dos meios de promover a introducção de braços livres, uteis ao Paiz.

Os Meus Ministros e Secretarios d’Estado vos informarão dos negocios que tem corrido pelas Repartições, e de que se achão encarregados.

Augustos e Dignissimos Senhores Representantes da Nação! Na ardua tarefa que ides emprehender, a vossa sabedoria, e zelo pelo bem do Estado, não deixarão de corresponder ás esperanças de todos os Brasileiros, em cuja felicidade Desejo firmar a gloria de Meu Reinado.

Está aberta a Sessão.

IMPERADOR CONSTITUCIONAL E DEFENSOR PERPETUO DO BRASIL.

Rio de Janeiro. Na Typographia Nacional. 1843.”

Terça-feira, 31 de janeiro – Hoje, o diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Dr. Jozé Martins da Cruz Jobim, oficiou ao diretor da Faculdade de Medicina da Bahia: “Tenho a honra de participar a V. S. que o Estudante Candido Gonçalves da Rocha que para essa Cidade parte, afim de ahí prosseguir os seus estudos medicos, foi nesta Eschola approvado – com distinção nas materias do 3º anno do Curso Medico, e está por isso habilitado, como mostrará por documento, a ser ahi admittido á matricula ao 4º.”

Sexta-feira, 10 de fevereiro – Novo ofício do diretor da Faculdade do Rio ao diretor Paula: “Tenho a honra de participar a V. S. que o Alumno destas Escola, Simplicio de Souza Mendes, que para essa Cidade segue, afim de continuar seus estudos medicos, foi approvado simpliciter no exame, por que passou das materias do 3º anno medico, e pode ahi matricular-se no 4º.”

Segunda-feira, 23 de fevereiro – Hoje, pela manhã, reuniu-se a Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia, presidida pelo seu diretor, Dr. Francisco de Paula Araujo e Almeida e tendo com secretário o Dr. Prudencio José de Sousa Britto Cotegipe. “Lerão-se os seguintes officios do Ministro do Império 1.º Transmittindo por copia o Avizo do Ministerio da Fazenda declarando q.’ o sello que devem pagar os Drs. em Medicina para Eschollas Estrangeiras, pelos Titulos que quizerem verificar nas do Brazil: fica a Faculdade inteirada: 2.º declarando a forma porque se hão de admittir nas Escholas de Medicina do Brazil os Estudantes, que tendo frequentado uma quizerem continuar em outra: inteirada a Faculdade: 3.º declarando nulla e improcedente a deliberação que a Faculdade tomou acerca dos Estudantes José Luiz da Silva, e Cipriano Barboza Betamio communicada pelo Director em seo officio de 22 de Outubro do anno passado, devendo os Estudantes ficar sujeitos ao processo judicial: por esta occasião o Director propoz que se respondesse ao Ministro expondo que a Faculdade para tal deliberação se achava authorisada contra o parecer do mesmo Ministro, pelo artigo 34 da lei organica da Eschola: e que se officiasse ao Prezidente da Provincia ou ao Chefe de Policia remettesse por copia a correspondencia da Faculdade com o Ministro acerca deste objecto, para estas Authoridades procedessem como entendessem: a Faculdade adaptou somente a primeira parte da proposta. Foi prezente um officio do Prezidente da Provincia accompanhado de um exemplar da falla do throno na abertura da primeira sessão da 5.ª Legislatura da Assemblea Geral: para o archivo. Passou-se a fixar os dias e horas das aulas e resolveo-se que todas as liçoens fossem de huma hora, as de Botanica de hora e meia, e as praticas podessem durar, quando conviesse, alem da hora, o tempo que os respectivos Professôres julgassem necessario. Propôz o Dr. Jonathas (*) q.’ nas habilitaçoens dos estudantes para os exames, ao numero de faltas não abonadas se ajunte um terço das abonadas, e se a soma for igual pelo menos a vinte percão o anno: assim se resolvêo.”

Quinta-feira, 2 de março – Reuniu-se hoje a Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia: “Lerão-se dous Avizos do Ministério do Imperio de 17 do corrente participando que S. M. o Imperador Houve por bem attendendo ao que lhe aprezentou o Estudante Cypriano Barbosa Betamio, que este seja admittido ao exame do primeiro anno e matricula do segundo, quando o não tenha já sido em virtude do Avizo expedido em 12 do mez passado; e communicando em outro ter sido prorrogado p.ª mais trez mezes sem vencimento, a licença concedida ao Dr. Baptista dos Anjos(**) para tratar de sua saude na Europa; ficou a Faculdade inteirada. A Commissão encarregada de organizar o Regimento interno p.ª a Bibliotheca, aprezentou um Projecto, que foi lido, e ficou sobre a meza para entrar na ordem dos trabalhos. Tendo o Dr. Gesteira,(***) como Lente da Cadr.ª de Partos de fazer um curso particular para as Parteiras, ficando desta maneira sobre carregado de trabalho, a Faculdade resolvêo, que fizesse duas liçoens por semana aos Estudantes e uma as Parteiras sendo de ora e meia cada uma.”

Quinta-feira, 2 de março – O estudante Reginaldo Munis Freire encaminhou hoje ao diretor Paula a seguinte petição: “Reginaldo Munis Freire, Estudante da mesma Escola, tendo querido matricular-se no 1.º anno do curso, e não podendo juntar logo sua Certidão de idade por não ter sido axada no Archivo Archiepiscopal, juntou, para provar sua maioridade, alguns documentos que ora lhe são essencialmente precisos; e para que antes de findar o seo 1.º anno appresentasse a supracitada certidão de idade, crê o Supplicante que está no caso de lhe serem entregues Seos Documentos, q.’ já se tornão desnecessarios á Escola, em quanto que ao Supplicante são da maior necessidade. Portanto, requer a V .S. lhes mande entregar pelo Dr. Secretario, ou outra qualquer pessoa, em cujo poder estejão, passando o Suplicante recibo de os haver recebido.”
No mesmo dia, despachará o diretor da Faculdade: “O Sr. Dr. secretario da Faculdade queira entregar ao Supplicante os documentos que requer, conservando no archivo a respectiva certidão de idade”. No dia seguinte, 3 de março, o secretário Britto registará na petição: “Entreguei os documentos pedidos.”

Terça-feira, 21 de março – O diretor Paula assinou, nesta data, expediente para o presidente Pinheiro transmitindo “o parecer da Commissão, que, em virtude de despacho de V. Ex.ª de 9 do corrente mez, nomeei para examinar o estado sanitario do Aprendiz menor do Arsenal de Guerra Jozé Machado Guimaraens.”

Sábado, 1º de abril – Na manhã de hoje, reuniu-se a Congregação da Faculdade: “O Dr. Gesteira declarou q’ continuava a fazer, como dantes, trez liçoens por semana aos Estudantes, e duas as Parteiras; ficou a Faculdade inteirada. O Director communicou a Congregação q.’ João Le Roy havia feito prezente a Faculdade da obra intitulada = Voyage a Merré et au Fleme Blanc em quatro volumes in f.º, e dans Atlas in folio; e em consequencia ordenousse que a Secretaria agradecesse em nome da Faculdade.” ... Foram abonadas as faltas de estudantes relativas ao mês de março. ... “Em consequencia de assuadas praticadas no recinto da Eschola pelos Estudantes Francisco Pereira Sebrão, João José Innocencio Poge e Cosme de Sa Pereira p.ª com seus Companheiros do primeiro anno, a Faculdade deliberou que se marcassem dez pontos a cada um, assim como o Director ordenou, q.’ o Estudante Ernesto Frederico Peres de Figueirêdo Camargou sofresse a pena de trez pontos por haver desatendido ao Continuo da Faculdade em cumprimento de suas obrigaçoens, sendo lida esta deliberação em voz alta na aula de Clinica Cirurgica, e na de Botanica ou Physica, e depois afixada no lugar mais publico da Eschola.”

Terça-feira, 2 de maio – Reunida a Congregação da Faculdade na manhã de hoje: “Leo-se o expediente: um officio da Sociedade Emulação Literaria convidando a Faculdade para assistir a sua sessão geral, q.’ deve ter lugar no dia 3 do corrente pelas 11 horas na caza da Eschola Normal; Ficou a Faculdade inteirada: uma reprezentação dos Estudantes Cosme de Sá Per.ª, e João José Innocencio Poge pedindo para serem aliviados da pena de 10 pontos, q.’ lhes foi imposta na sessão de 1.º d’Abril; foi indeferida.” Dentre as faltas abonadas a diversos estudantes, ressalta-se a do aluno Cypriano Barboza Betamio, que teve justificada a falta referente ao dia 3 de março. “...sendo prezentes os Diplomas dos Drs. em Medicina João Ignacio Botelho de Magalhaens, e Julio Antonio p.ª serem verificados, marcou-se o dia 4 para a respectiva prova.”

Segunda-feira, 15 de maio – Hoje pela manhã, o diretor Cruz Jobim, da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, oficiou ao diretor Paula: “Tenho a honra de participar a V. S. que o Estudante desta Escola, Martiniano Maria da Silva Fogaça, sendo reprovado no exame das materias do segundo anno do Curso Medico, está no caso de poder continuar seos estudos na Escola desta Cidade, onde se acha, matriculando-se e frequentando novamente o dito anno.”

Quinta-feira, 1º de junho - Reuniu-se a Congregação: “Foram prezentes a Faculdade trinta folhetos em diversas lingoas sobre varios objectos de Medicina mandados por João Diogo Sturtz, consul geral da Prussia; a Faculdade ordenou q.’ se agradecesse. O Dr. Jonathas requereo que se nomeasse uma Commissão annual p.ª examinar e decidir das faltas mensaes dos Estudantes: foram nomeados os Drs. Velho,(****) Almeida,(*****) e Aranha(******) p.ª darem parecer a respeito.” Abonaram-se as faltas de estudantes.

Sexta-feira, 9 de junho – Sessão da Congregação: “Leo-se um Avizo da Secretaria do Imperio de 22 do mez proximo passado, em q.’ S. M. o Imperador manda declarar vago o lugar de Substituto da Secção Cirurgica, q.’ exercia o Dr. Sabino;(9) e a vista disto a Faculdade pôz em concurso o dito lugar marcado o prazo de cento e vinte dias contados da data deste. O Dr. Alencastre entrando depois desta resolução, requereo se declarasse q.’ elle nenhuma parte tinha tomado nella. Por esta occasião a Faculdade deliberou em virtude da art.º 28 da Lei da sua organização, que os Medicos Doutorados em Escholas estrangeiras, q.’ quizerem obter o Titulo de Dr. nesta, fossem obrigados não só a pagar a quantia de 120$r. das respectivas matriculas, com o passar todos os exames a q.’ são sujeitos os Estudantes da Eschola, menos os preparatorios, podendo sim fazer o exame de Clinica pelo meado do anno ou no fim, como melhor lhe aprouvesse.”

Sábado, 10 de junho – Nesta data, lá pela 10 horas da manhã, foram convidados os “Illustrissimos Senhores Drs. Lentes, e Substitutos da Escóla de Medicina desta Cidade: “A Commissão encarregada do festejo do Dia Dous de Julho do corrente anno, pretende fazer celebrar na Igreja do Collegio, que ora serve de Cathedral, um solemne Te-Deum, em Acção de Graças ao Todo Poderoso, pelo Triunfo das Armas Bahianas; e tem a honra de convidar a Vossas Senhorias, para que se sirva de assistir ao Acto, que tanto he Religioso, quanto Patriotico.

Deos Guarde a Vossas Senhorias, Bahia 10 de Junho de 1843.

Somos com a maior consideração

De Vossas Senhorias
Muito attentos Veneradores, e Criados

João Adrião Chaves.
Manoel Ignacio de Souza Menezes.
Ignacio José Jambeiro.”

(1) O Recolhimento ou Colégios dos Órfãos de São Joaquim teve início com as esmolas do irmão Joaquim do Livramento, tendo sido por ele erigido primitivamente na capelinha de São José, de onde foi transferido para o novo edifício, em 12 de outubro de 1825.
(2) D. Rodrigo José de Menezes e Castro, filho do Marquês de Marialva e que governou a Bahia de 6 de janeiro de 1784 até abril de 1788, comprou a fazenda de nome Quinta dos Padres por 6:000$000, e que tinha pertencido aos Jesuítas. Para a aquisição da quinta, foi arrecadada, com a caridade do povo, a necessária contribuição, sendo ali, em três anos, construída a gafaria, ou Hospital dos Lázaros.
(3) Para ocorrer à despesa do Hospital de São Lázaro, D. Rodrigo José de Menezes e Castro criou o Celeiro Público, também conhecido como tulha, que teve início em 9 de setembro de 1785, aprovado pela Carta Régia de 25 de agosto de 1807.
(4) O Conselho de Salubridade Pública foi criado pela lei provincial nº73, de 15 de junho de 1838, sendo presidente da província da Bahia o conselheiro Thomaz Xavier Garcia d’Almeida e iniciou suas atividades rotineiras a partir de 15 de fevereiro de 1840.
(5) O Passeio Público foi construído em 1814 pelo governador Conde dos Arcos.
(6) O Teatro de São João teve as obras iniciadas no governo do Conde da Ponte, em 1806. Seu sucessor, o conde dos Arcos, terminou a construção em 1812, inaugurando-o, ainda com as obras inacabadas, no aniversário do príncipe D. João, em 13 de maio do dito ano.
(7) Dr. José Martins da Cruz Jobim nasceu em Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, em 1802 e falecerá no Rio de Janeiro no ano de 1878. Doutorou-se em 1828 pela Faculdade de Medicina de Paris. Do Conselho do Imperador e médico da Imperial Câmara, foi lente de Medicina Legal em 1833. Será jubilado em 1854. Ocupará o cargo de Diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro durante trinta anos (1842-1872). O Dr. Cruz Jobim era uma das expressões mais ilustradas e magníficas da medicina brasileira no século XIX.
(8) Levantes liberais de 1842: em São Paulo (17 de maio a 22 de junho do ano corrente) e em Minas Gerais (10 de junho a 30 de agosto deste ano.) Tinham o propósito de obstruir a ascensão conservadora ao poder e tiveram a liderança do padre Diogo Antonio Feijó, em São Paulo e de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. A 4 de setembro de 1843, D. Pedro II contrairá matrimônio com a princesa D. Thereza Christina, irmã de Fernando II de Nápoles, e por ocasião das festas que se darão, será decretada a anistia para os revoltosos de São Paulo e Minas Gerais.
(9) “Francisco Sabino Alz. da Roxa Vieira” conforme está lavrada sua assinatura no livro das Atas das Sessões da Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia, começou a se ausentar das reuniões do Conselho dos Lentes a partir da sessão de 8 de novembro de 1833. Iniciou o Dr. Sabino, com vinte e seis anos de idade, suas atividades políticas, de formação liberal-constitucionalista, na luta da independência, como cirurgião-mor do exército, na ilha de Itaparica, na Bahia, quando houve o ataque da esquadra portuguesa a 7 de janeiro de 1823. Foi um dos líderes da revolução de 1837, na cidade da Bahia, que lhe guardou o nome – Sabinada. Exigia o movimento armado reformas institucionais para o Brasil monárquico, objetivando proclamar o Estado livre e independente da Bahia “até a maioridade de dezoito annos de Sua Magestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II.
Foi mandado contra ele pelo Governo o marechal João Chrysostomo Callado, a 13 de março de 1838, que restabeleceu a tranqüilidade em toda a província. Dr. Sabino foi condenado a desterro no interior de Mato Grosso, onde faleceu.”

(*) Cons. Jonathas Abbott – Nascido no ano de 1796, em Lambeth, distrito de Londres. Chegou à província da Bahia, em 1812 e naturalizou-se cidadão brasileiro por Decreto de 31 de outubro de 1821.
Cirurgião aprovado pelo Colégio Médico-Cirúrgico, em 1820; cirurgião formado, no ano de 1821. Na Universidade de Palermo, colou grau de Doutor em Cirurgia; recebeu o grau de médico, na cidade da Bahia, em 1835.
Lente substituto da cadeira de Anatomia do Colégio Médico-Cirúrgico, no ano de 1825; lente proprietário da dita, em 1828; vice-diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, em 1837 e diretor-interino da sobredita Escola várias vezes; criador do magnífico gabinete anatômico, que receberá o seu nome. Do Conselho Imperial de S. M.; cirurgião do hospital da Casa da Santa Misericórdia.
Amante das artes, organizará valiosa coleção de quadros – a galeria Abbott; deixará extensa e preciosa bibliografia, versando principalmente sobre Anatomia. Morrerá em 8 de março de 1868, na cidade da Bahia.

(**) Cons. João Baptista dos Anjos – Nasceu na cidade da Bahia, no ano de 1799. Aprovado em cirurgia em 1827 e formado em cirurgia em 1828, pelo Colégio Médico-Cirúrgico, no ano de 1828. Opositor, em 1828; nomeado lente substituto das Cadeiras cirúrgicas, em 1829; lente de Anatomia Topográfica e Medicina Operatória e Aparelhos, em 1833; lente da cadeira de Higiene e História da Medicina; será lente jubilado em 1858; do Conselho do Imperador; diretor da Faculdade desde 1857 até 1871, quando falecerá.
Na sua juventude, foi sacristão da Catedral e porteiro do Colégio Médico-Cirúrgico, alcançando, pelo seu valor, o honroso cargo de diretor da Faculdade de Medicina da Bahia.

(***) Dr. Francisco Marcellino Gesteira – Nascido na Bahia. Cirurgião aprovado e formado, em 1820, pelo Colégio Médico-Cirurgico da Bahia; lente de Operações e Partos, no período de 1829 até 1833; lente de Partos, Moléstias de Mulheres Pejadas e Paridas e de Meninos Recém-nascidos, de 1833 até 1855; será Lente jubilado em 1855; falecerá em 1875.

(****) Cons. Joaquim de Souza Velho – Lente substituto da Seção Médica, em 1833; será lente, por concurso, de Farmácia, Matéria Médica, Terapêutica e Arte de Formular, de 1845 até 1854; lente de Matéria Médica e Terapêutica, de 1854 até 1861 e lente jubilado, neste mesmo ano. Do Conselho do Imperador, em 1858. Falecerá em 1872.

(*****) Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida – Nasceu na cidade da Bahia, em 1799. Foi um dos primeiros alunos do Colégio Médico-Cirúgico da Bahia. Cirurgião aprovado em 1820 e cirurgião formado no mesmo ano; Doutor em Medicina, pela Academia de Bolonha; lente substituto das Cadeiras Cirúrgicas, em 1824; médico do Hospital Militar no período de 1826 até 1833; lente interino da cadeira de Farmácia e Matéria Médica e lente efetivo no mesmo ano; nomeado lente de Fisiologia, em virtude da aposentadoria do seu titular, Prof. Manoel José Estrela; Deputado Geral de 1830 a 1833; diretor da Faculdade desde 1836 até o ano de sua morte, em 1844.

(******) Manoel Ladislau Aranha Dantas – Nascido em São Cristóvão, Sergipe, no ano de 1817. Cirurgião aprovado, em 1831 e formado, no ano de 1835, pela Faculdade de Medicina da Bahia; substituto das Cadeiras Cirúrgicas, em 1833; lente de Patologia Externa, no ano de 1837, será lente jubilado em 1874; presidente interino da Comissão de Higiene Pública da província da Bahia, apresentará relatório relativo ao ano de 1855; membro do Conselho do Governo de Sergipe e Comendador da Ordem da Rosa e da Ordem de Cristo; falecerá em 1875.

Resumo da Historia do Brazil Para Uso Das Escolas Primarias Brazileiras. Pela professora Maria G. L. de Andrade. – Ginn & Company - Boston – New York -Chicago – London - The Athenaeum Press – 1894. (Do acervo particular do Autor).

Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia concernente ao ano de 1942 - Prof. Dr. Eduardo de Sá Oliveira – Professor Catedrático de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da UFBA – Salvador – Centro Editorial e Didático da UFBA – 1992 – Prefaciada pelo Professor Emérito Dr. Geraldo de Sá Milton da Silveira, então Presidente da Academia de Medicina da Bahia.