Larissa Novais* e Dannielly Varjão* IDENTIFICAÇÃO:
E.B.B.S., masculino, 38 anos, 2º grau completo, solteiro, católico,
natural e procedente de Salvador.
Q.P: Perda ponderal e anorexia há 6 meses
H.M.A: Paciente refere diagnóstico de AIDS há 1 ano e meio,
após episódio de internamento por infecção
das vias aéreas superiores. Vem fazendo uso regular de anti-retrovirais
e inibidores de proteases, além de profilaxia para PCP com uso
de CMX - TMP desde então. Há seis meses começou a
apresentar diarréia mucosanguinolenta, com vários episódios
ao dia, cursando também com diminuição do apetite.
Há dois meses foi internado no Hospital Espanhol para compensação
do quadro, permanecendo internado por 14 dias, com desaparecimento do
quadro diarréico, recebendo alta.
Há um mês houve retorno do quadro diarréico e foi
internado no Hospital Couto Maia, onde permaneceu por sete dias até
a regressão do quadro. Refere perda ponderal de vinte e seis quilos
nos últimos seis meses, tendo no momento quarenta e um quilos.
Relatou febre ocasional durante os episódios de agudização
da diarréia. No momento, queixa-se de astenia generalizada, fezes
amolecidas, hiporexia e episódio ocasionais de vômitos. Relata
ainda aparecimento de “caroço” em palato nos últimos
seis meses.
INTERROGATÓRIO SISTEMÁTICO:
1) Segmento Cefálico: Refere tontura e cefaléia.
2) Aparelho Cardiovascular: Refere palpitações. Nega edemas.
3) Aparelho Respiratório: Alega tosse seca ocasional. Nega dispnéia.
4) Aparelho Digestivo: Nega dores abdominais. Cita fezes amolecidas
e vômitos ocasionais.
5) Aparelho Genitourinário: Nega disúria, poliúria,
nictúria.
6) Sistema Nervoso: Sem alterações.
ANT. MÉDICOS: Refere rinite alérgica. Nega tuberculose,
pneumonia, cirurgias prévias, hemotransfusão e alergia a
medicamentos.
ANT. FAMILIARES: Pai com Hipertensão Arterial Sistêmica.
HÁBITOS DE VIDA: Refere etilismo social de três garrafas
de cerveja aos fins de semana e feriados, mas afirma que é abstêmio
há 2 anos. Nega tabagismo. Refere promiscuidade sexual no passado.
Nega uso de drogas ilícitas. Refere sedentarismo.
EXAME FÍSICO
Estado Geral: LOTE, caquético, descorado (+++/IV) desidratado
(++/IV), acianótico, anictérico.
Sinais Vitais: TA: 100/60 mmHg; FC: 88 bpm; FR: 20 ipm; T: 36,9 °C;
Peso: 41 kg
Segmento Cefálico: Tumoração em palato de aspecto
granular, indolor à palpação, de coloração
arroxeada, com um ponto purulento, de forma arredondada com 3 cm em
seu maior diâmetro.
Aparelho Cardiovascular: Bulhas normofonéticas, em 2 tempos,
sem sopros ou desdobramentos.
Aparelho Respiratório: Murmúrio vesicular bem distribuído,
sem ruídos adventícios, com expansibilidade preservada.
Aparelho Gastrintestinal: Abdome escavado, indolor à palpação,
ruídos hidroaéreos presentes, sem visceromegalias.
Extremidades: Com perfusão diminuída, além de redução
da massa e força musculares. Escara em região glútea.
Pele e Fâneros: Sinal da prega cutânea presente.
Sistema Nervoso: Paciente LOTE, colaborativo.
SUSPEITAS DIAGNÓSTICAS:
1) AIDS
2) Desnutrição Protéico-Calórica (secundário
à P1)
3) Tumoração em Palato de Etiologia a Esclarecer (Sarcoma
de Kaposi?)
4) Desidratação
EVOLUÇÃO:
Primeira Semana (14/02/04 a 20/02/04): Paciente evoluiu
hemodinamicamente estável. Diurese +. Refere várias defecações
diarréicas durante a noite, além de astenia e tosse produtiva
com escarro amarelo-esverdeado. Abdome doloroso à palpação
profunda de forma difusa, esplenomegalia (baço palpável
3 cm abaixo do RCE), hepatomegalia (fígado palpável 4cm
abaixo do RCD).
Lesão herpética em lábio inferior e região
perianal.
Dor em região da omoplata e membros inferiores edemaciados (++/IV)
Murmúrio vesicular diminuído em base pulmonar esquerda
Segunda Semana (21/02/04 a 27/02/04): Refere dejeções
quase sólidas. Tosse episódica.
Disfagia, odinofagia e aumento da lesão do palato. Dores abdominais
com episódios de melhora e episódios de dor à palpação
superficial, sensação de empachamento, com baço
palpável a cerca de 6 cm do RCE.
Terceira Semana ( 28/02/04 a 06/03/04): Placas amareladas
na orofaringe e sobre as tumorações - Candidíase?
Evacuações diarréicas em preparação
para colonoscopia.
Presença de pápulas eritematosas disseminadas em MMSS
e tronco.
Descorado (++++/IV) e Lesão Peniana.
USG DE ABDOME TOTAL: Lesão retroperitoneal sugestiva de infiltração
neoplásica + adenomegalia difusa + esplenomegalia e aumento do
calibre da veia esplênica + sinais de nefropatia parenquimatosa
bilateral + vesícula biliar colabada com paredes espessadas +
cistos renais bilaterais + derrame pericárdico.
Quarta Semana (07/03/04 a 13/03/04): Paciente bradipnéico
(12 ipm), aguardando laudo de biópsia de pele e condições
para introdução de ARVD.
Prescrição: O2 sob catéter nasal (2 l / min)
Pioro do quadro geral: Lesão violácea no pênis em
sulco balanoprepucial - Sarcoma de Kaposi?
Prescrição: SSVV + CCGG
Lesão violácea em língua ?
Quinta Semana ( 14/03 a 16/03): Paciente relata insônia
e ansiedade referindo dor em todo o corpo, astenia e dispnéia.
Houve agravamento da diarréia, com cerca de 9 evacuações
diárias no período, dor em ombro direito e coluna, mesmo
em repouso. Refere que a tumoração do palato está
“soltando pedaços” e apresenta tosse produtiva com
secreção esverdeada.
EXAMES LABORATORAIS
13/02/04
Contagem de Reticulócitos: 0.7% (0,8 a 2,5%)
TGO: 29 U/l (15 a 37 U/l)
TGP: 23 U/l (30 a 65 U/l)
Sódio Sérico: 128 mEq/l (136 a 145 mEq/l)
Albumina: 1,4 g/dl (3,5 a 5,5 g/dl)
17/02/04
Potássio Sérico: 2,8 mEq/l (3,5 a 5,1 mEq/l)
Sódio Sérico: 133 mEq/l (136 a 145 mEq/l)
Sumário de Urina: Raros piócitos, raras células
epiteliais. Numerosas bactérias (Valores de referência
> 00 por campo).
27/02/04
Pesquisa de Oportunista: Negativa
OBS.: Amostra de fezes
Baciloscopia (Ziehl): Presença de bacilos álcool-ácido
resistentes.
OBS.: Amostra de escarro Positiva (+)
28/02/04
Uréia Sérica: 25 mg/dl (10 a 50 mg/dl)
Creatinina Sérica: 0,6 mg/dl (0,4 a 1,4 mg/dl)
Potássio Sérico: 3,7 mEq/l (3,5 a 5,1 mEq/l)
Sódio Sérico: 130 mEq/l (136 a 145 mEq/l)
01/03/04
Glicemia: 141 mg/dl (70 a 110 mg/dl)
Albumina: 1,2 mg/dl (3,5 a 5,5 g/dl)
Atividade Protrombínica: 41% ( acima de 75%)
Tempo de Tromboplastina: 52 seg ( 24 a 35 seg)
ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA (27/02/04)
Resumo Clínico: Empachamento Pós-Prandial
LAUDOS
Endoscopia Digestiva Alta: Aparelho passado sob visão direta,
visualizando-se em palato duro lesão elevada violácea,
ulcerada. Notam-se exsudatos esbranquiçados aderidos à
mucosa oral e de hipofaringe.
Esôfago: Calibre e distensibilidade preservados. Mucosa exibindo
em todo o trajeto exsudato branco amarelado, aderido, com friabilidade
e edema. Ausência de hérnia hiatal.
Estômago: Com conformação anatômica habitual.
Distensibilidade preservada e peristalse diminuída. Lago mucoso
com líquido claro. Na manobrada de retrovisão, fundo e
cardia sem alterações. Corpo com pregueado mucoso regular
e uniforme.
Cisura antralis com espessura e aspecto normais. Antro com mucosa íntegra.
Piloro permanentemente aberto.Duodeno: bulbo com mucosa pálida
e edemaciada, friável. Segunda porção com o mesmo
aspecto.Conclusão: Lesão de palato sugestiva de Sarcoma
de Kaposi.Monilíase Oral e Esofagiana intensa e extensa.Alterações
de mucosa duodenal sugestiva de enteropatia parasitária ou nutricional.
OBS.: Foi realizada biópsia de mucosa duodenal p/ pesquisa de
agente oportunistas.
RESULTADOS DAS BIÓPSIAS
03/03/04
Material Encaminhado: Tumoração em palato duro.
LAUDO: Microscopia: As secções mostram fragmentos de mucosa
revestidos com epitélio pavimentoso estratificado bem diferenciado
com moderada acantose apresentando subjacentes vasos encapsulados bem
diferenciados, proliferados, congestos, revestidos por células
epiteliais típicas. Não há proliferação
do TC, não se observam glóbulos hialinos e há ocasional
deposição de pigmentos de hemossiderina.
Diagnóstico: HEMANGIOMA CAPILAR
Nota: Os aspectos histopatológicos descritos acima não
preenchem os critérios para o diagnóstico de Sarcoma de
Kaposi.
15/03/04
Material Encaminhado: Duodeno
LAUDO: Microscopia: As secções mostram fragmentos de mucosa
duodenal com arquitetura preservada. As vilosidades estão espessadas
devido à presença na lâmina própria de frequentes
macrófagos com aspecto espumoso contendo inúmeros bacilos
álcool-ácidos resistentes.
Diagnóstico: MICOBACTERIOSE EM MUCOSA DUODENAL
19/03/04
Material Encaminhado: Palato duro
Nota: Material não representativo, amostra superficial que não
permite diagnóstico.
BIÓPSIA:
Figura 1: Pequeno aumento. Mucosa de
duodeno com padrão vilositário normal. |
Figura 2: Pequeno aumento. Idem. |
Figura 3: Médio aumento. Presença de
macrófagos espumosos na lâmina própria. |
Figura 4: Grande aumento. Idem. |
Figura 5: Grande aumento. Idem. |
Figura 6: Pequeno aumento. Ziehl-Nielsen. Macrófagos
ricos em bacilos álcool-ácido resistentes. |
Figura 7: Médio aumento. Idem. |
Figura 8: Médio aumento. Idem. |
Figura 9: Grande aumento. Idem. |
Figura 10: Grande aumento. Idem. |
COMENTÁRIOS: Trata-se de um paciente masculino, com 38 anos, com
diagnóstico firmado de AIDS há 1 ano e meio, e desde então
vem fazendo uso de anti-retrovirais e inibidores de proteases. Há
seis meses, passou a cursar com diarréia mucosanguinolenta, com
vários episódios ao dia, juntamente com diminuição
do apetite. Decorrido um mês do período de internamento para
compensação deste quadro, houve recidiva dos episódios
diarréicos, com novo período de internação.
Desde então, o paciente relata perda ponderal de 26 kg (em um período
de seis meses), alegando febre ocasional durante os períodos de
agudização da diarréia. Na ocasião da internação
no HUPES, queixava-se de astenia generalizada, fezes amolecidas, hiporexia
e episódios ocasionais de vômitos, além de aparecimento
de “caroço” em palato. Diante do quadro apresentado,
foram realizados exames complementares, a exemplo de três biópsias,
sendo que uma delas confirmou o diagnóstico de Micobacteriose.
A evolução do paciente na enfermaria foi hemodinamicamente
estável, embora houvesse piora do quadro geral durante o período.
Após estabilização do quadro, o paciente teve alta,
permanecendo na terapia com anti-retrovirais e inibidores de proteases.
REVISÃO DA LITERATURA
Como se apresenta um paciente adulto típico com AIDS? (1): Febre,
Perda Ponderal, Diarréia, Linfadenopatia Generalizada, Múltiplas
IO´s, Doença Neurológica, Neoplasias Secundárias.
Ver Classificação da AIDS.
Em nosso meio, o quadro clínico de pacientes com AIDS costuma conter:
TABELA 1 - Processos diagnósticos prévios
à autópsia. Análise de 50 casos de pacientes
com SIDA (HUPES/UFBA). |
Processos infecciosos
|
Nº de casos
|
% |
Sem infecção |
20 |
40 |
Candidíase |
14 |
28 |
Micobacteriose |
13 |
26 |
Toxoplasmose |
9 |
18 |
Pneumocistose |
8 |
16 |
Infecção por CMV
|
5 |
10 |
Infecção gonococica |
4 |
8 |
Hepatite |
4 |
8 |
Criptococose |
2 |
4 |
Infecção bacteriana |
2 |
4 |
Infecção por HPV |
2 |
4 |
Infecção herpética |
2 |
4 |
Sífilis |
2 |
4 |
Criptosporidiose |
2 |
4 |
Herpes Zóster |
2 |
4 |
Shiguelose |
1 |
2 |
TABELA 2 - Processos Infecciosos diagnosticados
à autópsia. Análise de 50 casos de pacientes
com SIDA (HUPES/UFBA). |
Processos infecciosos
|
Nº de casos
|
% |
Infecção bacteriana
|
18 |
36,6 |
Toxoplasmose |
16 |
32 |
Infecção por CMV |
15 |
30 |
Micobacteria |
14 |
28 |
Infecção por HPV |
8 |
16 |
Candidíase |
8 |
16 |
Pneumocistose |
6 |
12 |
Histoplasmose |
6 |
12 |
Criptococose |
6 |
8 |
Esquistossomose |
3 |
6 |
Encefalite pelo HIV |
3 |
6 |
Estrongiloidiase |
2 |
4 |
Escabiose |
2 |
4 |
JC vírus |
1 |
2 |
Aspergilose |
1 |
2 |
Criptosporidiose |
1 |
2 |
Molusco contagioso |
1 |
2 |
Sem infecção |
1 |
2 |
TABELA 3 - Processos Neoplásicos diagnosticados
à autópsia. Análise de 50 casos de pacientes
com SIDA (HUPES/UFBA). |
Neoplasia |
Nº de casos
|
% |
Sarcoma de Kaposi |
4 |
8 |
Linfoma não Hodgkin |
2 |
4 |
Carcinoma de Colo Uterino |
2 |
4 |
Linfoma de Hodgkin |
1 |
2 |
Leiomioma uterino |
1 |
2 |
Adenoma tubular do Rim |
1 |
2 |
Hemangioma Carvenoso em Fígado |
1 |
2 |
Sem neoplasia |
38 |
76 |
Total |
50 |
100 |
Infecções Oportunistas Associadas à AIDS: Respondem
por cerca de 80% das mortes em pacientes com AIDS (1). Infecção
disseminada pelo MAC: mais frequente infecção oportunista
de origem bacteriana em pacientes aidéticos, até a era da
HAART. (5) Sobrevida Média: menos de 1 ano em pacientes não
tratados.
Segundo uma pesquisa feita em Salvador, no Hospital das Clínicas,
os dados relacionados ao local de acometimento em cada infecção
foram os seguintes:
TABELA 3 - Órgãos mais acometidos
pelos microorganismos. Análise de 50 autópsias de pacientes
com AIDS (HUPES/UFBA). |
Microorganismos
|
Pulmões |
Encéfalo |
Fígado |
Baço |
Linfonodos |
S. Renais |
Outros |
Totais |
Micobactéria |
11
(5,4%) |
4
(2,0%) |
8
(3,9%) |
10
(4,9%) |
10
(4,9%) |
2
(1,0%) |
10
(4,9%) |
66
(32,5%) |
CMV |
7
(3,4%) |
2
(1,0%) |
1
(0,5%) |
1
(0,5%) |
0
(0,0%) |
9
(4,4%) |
7
(3,4%) |
33
(16,3%) |
T. gondii |
0
(0,0%)
|
16
(7,9%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
16
(7,9%) |
H. capsulatum |
3
(1,5%)
|
1
(0,5%)
|
6
(3,0%) |
5
(2,5%) |
0
(0,0%) |
1
(0,5%)
|
9
(4,4%) |
28
(13,8%) |
P. carinii |
6
(3,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
6
(3,0%) |
C. neoformans
|
2
(1,0%)
|
3
(1,5%)
|
1
(0,5%)
|
1
(0,5%)
|
4
(2,0%)
|
1
(0,5%)
|
0
(0,0%) |
15
(7,4%) |
Bactérias G+/- |
7
(3,4%)
|
0
(0,0%)
|
1
(0,5%) |
0
(0,0%)
|
0
(0,0%)
|
0
(0,0%)
|
2
(1,0%)
|
10
(4,9%) |
Outros
|
2
(1,0%) |
1
(0,5%) |
3
(1,5%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
0
(0,0%) |
16
(7,9%)
|
29
(14,3%) |
Total
|
38
(18,7%) |
27
(13,3%)
|
20
(9,9%)
|
17
(8,4%) |
14
(6,9%) |
13
(6,4%) |
44
(21,7%) |
203
(100,0%) |
Infecção disseminada por Mycobacterium avium – achado
frequente nos últimos estágios da infecção
pelo HIV (4). Evidência da infecção pelo MAC: progressos
na profilaxia de infecções oportunistas e tratamento com
antiretrovirais. (5)
Manifestações Clínicas de Infecção
pelo MAC: Sinais clínicos e laboratoriais não específicos
(4); Sinais e Sintomas: febre, perda de peso, anorexia, dor abdominal
e diarréia. (2); Achados: hepatoesplenomegalia e linfadenopatia
generalizada. (2).“O TGI é um local especialmente comum de
expressão clínica da infecção pelo HIV, sendo
um importante fator na morbidade das infecções oportunistas
nos estágios tardios da doença, assim como nas complicações
GI´s dos agentes anti-retrovirais ou outras drogas.” (2).
Swiss HIV – Cohort Study (4): Febre > 38º C: achado mais
frequente. Em 75% dos pacientes, houve outros sintomas além dos
mencionados no questionário utilizado no estudo. Os mais prevalentes
foram: Tosse (29%); Dor Abdominal (16%); Suores Noturnos (14%).
Diagnóstico Diferencial: Doença de Whipple “...diferentemente
da Doença de Whipple, os supostos agentes no macrófago são
álcool-ácido resistentes, e não apresentam reação
cruzada com os soros antibacterianos de tipagem. O diagnóstico
é frequentemente realizado com hemoculturas para as micobactérias.”
(2)
Quadro Imunológico: “Quase todas as infecções
oportunistas ocorrem quando a contagem de CD4 é < 200 mm3 ,
e quase todas parecem responder bem à reconstituição
imune, quando atingidas pela terapia anti-retroviral.” (2). Estudo
Suiço (4): Todos os pacientes com diagnóstico firmado
tinham imunodeficiência severa ( contagem média de células
CD4+ < 10 células/µl); Imunodeficiência severa estava
presente 6-12 meses antes do diagnóstico, e 79% dos pacientes tinham
uma doença definidora de AIDS antes que a infecção
disseminada por Mycobacterium avium fosse identificada. Estudo
Brasileiro (5) Contagens de células T CD4+ > 50 mm3 e um
aumento nas contagens de células T CD4+ para > 100/mm3 foram
associadas a menor risco de morte. Entretanto, o risco de colonização
foi similar em ambos os grupos: aqueles com contagens de CD4+ > 100
cels./mm3 e aqueles com contagens de < 100mm3.
Tratamento e Profilaxia: Pelo menos dois agentes: Azitromicina (600 mg
1 x ao dia), Claritromicina (500 mg 1 x ao dia), Embutamol (15 mg/kg 1x
ao dia, como segundo fármaco) OBS.: “O diagnóstico
de infecção por MAC deve ser considerado em pacientes que
têm uma contagem de células CD4+ < 50 céls/µL,
especialmente se febre e anemia estiverem presentes. Se o diagnóstico
for verificado, um regime de combinação antimicobacteriana
que inclue um macrolídio e uma terapia antiretroviral ativa deve
ser iniciada.”(4)
Era HAART: Redução da mortalidade e morbidade: Brasil:
Diminuição inicial entre 1991 e 1994 e Redução
significativa com a distribuição de IP pelo MS. Situação
Global: Diminuição acentuada da infecção DMAC
após introdução da HAART. OBS.: Apesar dessa diminuição,
a profilaxia para MAC também foi recomendada para pacientes aidéticos
com contagens de células CD4+ < 100céls/mm3 , nos EUA
e Europa, o que contribuiu para o declínio observado. Há
evidências de que a exposição prévia à
micobactéria antes de um quadro avançado de AIDS pode conferir
algum grau de imunidade contra a infecção DMAC.(3)
BIBLIOGRAFIA:
- COTRAN, R. S; KUMAR, V; ROBBINS, S. L. Doenças da Imunidade.
In .: Patologia Estrutural e Funcional, Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan S. A., 6a ed., 1999 , p.221.
- GADELLA A, ACCÁCIO N, GRINZSTEJN ET AL. Low Incidence of Colonization
and No Cases of Disseminated Mycobacterium avium Complex Infection (DMAC)
in Brazilian AIDS Pacients in the HAART Era. The Brazilian Journal
of Infectious Diseases 2002; 6(5): 252-257
- F. ROOS, M. FLEPP, ET AL. Clinical Manifestations and Predictors
of Survival in AIDS Patients with Disseminated Mycobacterium avium Infection.
European Jor Clin Microbiol Infect Dis (2001) 20: 428-442
- CECIL, GOLDMAN ET AL. HIV e Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida. In.: Tratado de Medicina Interna,
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 21a ed, 1999, pg. 1932.
- C. F. VON REYN, R. D. ARBEIT, C. R. HORSBURGH, ET AL. Sources of Disseminated
Mycobacterium avium Infection in AIDS. Journal of Infection
(2002) 44, 166-170.
- BURGER S, POLES A M. Natural History and Pathogenesis of Human Immunodeficiency
Virus Infection. Seminars in Liver Disease, Vol 23,
No 2, 2003
* Monitor(a) e aluno do curso médico da Faculdade de Medicina
da Bahia, Universidade Federal da Bahia, cursando o 5º semestre. |