HISTÓRIA DA MEDICINA artigo 17
Notícias da Faculdade de Medicina da Bahia
Ano: 1843 – Parte final
Antonio Carlos Nogueira Britto
Vice-presidente do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins, fundado em 29 de novembro de 1946
Quarta-feira, 5 de julho de 1843 – Hoje, pelas 9 horas da manhã, o diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida (1), firmou ofício para ser remetido ao presidente da província, Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos (2), e encaminhou o “incluso attestado, que acabo de receber da Commissão nomeada para examinar o estado de saude das Professoras Publicas de primeiras lettras da villa de Nazareth; em conformidade do despacho de V. Ex.ª exarado no requerimento tambem incluso.”
– Referência nº 1 - Fonte Primária – Documentos manuscritos originais e inéditos – Arquivo Público do Estado da Bahia – Guia do Império – Série Instrução – Ensino Superior – Seção de Arquivo Colonial e Provincial – Caixa nº 1649 – Maço nº 4046-1 – Faculdade de Medicina da Bahia – (1832-1849).
Segunda-feira, 10 de julho – No presságio d’alva deste álgido dia, a criação empoleirada canta, estrídula, num formidando charivari, nos quintalejos da anciana freguesia da Sé, violentando a paz dormente das ruas e quarteirões.

Lá pelas 8 e meia da manhã, estão a entrar na vetustez do edifício da Faculdade de Medicina da Bahia, o seu diretor e o secretário da dita Escola, Dr. Prudêncio José de Souza Britto Cotegipe (3), ambos precatando-se do pirajá, repentino e forte, portando guarda-solinho de seda e resguardando-se do frio vestindo, o primeiro, quinzena d’alpaca, e, o segundo, trajando sobretudo longo de larga gola de astracã. Sobem, pachorrentos, a escada de mármore, em curva, que dá acesso ao 1º andar, passando ao lado da Capela interior dos extintos jesuítas, genuína jóia arquitetônica de lavor custoso.

Resolvem entrar na Capela Interior do Colégio da Bahia, que pertencera aos expulsos padres da Companhia de Jesus no Brasil, encravada nas construções da Faculdade de Medicina da Bahia. Transpõem uma anciana porta de almofada com 3 metros e 30 centímetros de altura e 1 metro e 20 centímetros de largura. De cada lado da porta estão duas pias de pedras vermelha, de forma redonda e assaz graciosas, feitas com a mesma pedra vermelha das pias da Catedral, extraídas provavelmente de Valença. Toda a peça, assoalhada, mede, desde a parte inferior do vão da sobredita porta, a soleira, até a maior reentrância do altar, que lhe fica em frente, 18 metros; e na largura mede 8 metros e 2 centímetros. Devem ser acrescentados ao comprimento mais 2 metros e 95 centímetros, que é a medida correspondente ao altar. As paredes medem, tanto de um lado como de outro, 2 metros de espessura.

Os dois ilustres dirigentes da Faculdade de Medicina da Bahia admiram, enlevados, a cornija dourada em alto relevo, com formas de arabescos, sustentada por 10 cabeças de anjos, cinco de cada lado. Cravam a vista no teto de madeira de cedro, belíssimo, com grandes quadrados pintados de cores delicadas, predominando a cor castanha e a cor preta sobre um fundo branco, estando os quadrados sobreditos dispostos em 3 filas, separados por revestimento de madeira esculpido em baixos relevos reproduzindo cachos de uvas e ornatos espiralados de capitéis. Nos ângulos da juntura dos quadrados há maçanetas pintadas e douradas, correndo entre eles linhas denteadas trabalhadas na madeira, pintadas de branco, contornadas por frisos dourados.

A Capela interior do Colégio da Bahia tem em toda sua extensão, desde o rodapé, até 1 metro e 25 centímetros de altura, uma borda de azulejos reproduzindo uma seqüência de escudos inspirados em sucessos do Novo Testamento.

Os dirigentes da Faculdade quedam, contemplativos, sobrolhos carregados, mirando, fascinados, a Capela particular dos inacianos, exuberantemente formosa.

A nova Capela interior do Colégio dos jesuítas teve sua construção iniciada em 21 de julho de 1692 e acabada em 1694, em forma de grande salão (Maioris Aulae), com “insignes molduras e artezoados, e, ornada com a vida do beato Estanislau em pintura romana”. Teve seu trabalho de restauração iniciado pelo reitor padre João Pereira (4) e foi definitivamente concluído, com doações, por volta de 1740, sendo recuperado o madeiramento e retelhamento do colégio, além das molduras de cedro, pintados de ouro, e as pinturas romanas e revestindo de novos e bonitos azulejos, vindos de Lisboa, com a restauração de quadros, cuja pintura o tempo tinha obscurecido.

Além da Capela interior do Colégio, a principal, nele havia mais três capelas: a da Enfermaria, sem ornatos e luxo, a dos Irmãos Humanistas, pouco extensa, porém bonita, e a dos Irmãos Noviços, provida de altar ornado com belíssimos adornos de marfim e cascos de tartaruga.

Apoiando-se em uma bengala de cana-da-índia, o diretor Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida, ao lado do secretário Dr. Prudêncio José de Souza Britto Cotegipe, observa no altar da Capela as imagens de Nossa Senhora, no centro, de Santo Inácio de Loiola, em cima, de São Francisco Xavier e de São Francisco de Borja, aos lados.

A Capela é decorada com azulejos, quadros romanos sobre a vida do noviço da Companhia de Jesus, S. Estanislau de Kostka e outras belíssimas pinturas e obras de talha.

– Referência nº 2 – Fonte Secundária Impressa - Leite, Serafim, S. I. – História da Companhia de Jesus no Brasil – Tomo V – Da Baía ao Nordeste - - Séculos XVII-XVIII – Instituto Nacional do Livro – Rio de Janeiro – Livraria Portugália – Lisboa – 1945 – pp. 597-599 – Apêndice F – (Braz do Amaral, em Accioli, Memórias Históricas, V.523-525). (Do acervo particular do Autor).

Era conhecida como a Capela do padre Antonio Vieira e pertenceu ao Hospital Real Militar da Bahia, a partir do último trimestre de 1800, quando começou a funcionar o dito nosocômio nas dependências do antigo Colégio dos padres jesuítas.
A magnificente Capela interior do Colégio da Bahia da Companhia de Jesus será completamente incinerada pelo dantesco incêndio em a noite de 2 de março de 1905, que consumirá quase todo o edifício da Faculdade de Medicina da Bahia, no Terreiro de Jesus.

– Referência nº 3 – Fonte Secundária Impressa - Britto, Antonio Carlos Nogueira - A Medicina Baiana nas Brumas do Passado – Séculos XIX e XX – Aspectos Inéditos – Arquivos do Instituto Bahiano de História da Medicina – Contexto e Arte Editorial – Salvador, Bahia – 2002 – “O Incêndio da Faculdade de Medicina da Bahia” - pp. 311-316; “Teria Sido Criminoso o Incêndio da Faculdade de Medicina da Bahia em 1905?” – pp. 317- 322.

Pelas 9 e meia da manhã, do dia 10 de julho de 1843, em sessão da Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia, “leo-se um officio da Secretaria do Imperio de 1º Junho acompanhado de um jogo de obras do Doutor Martius (5) sobre o Brasil, que S. M. o Imperador mandou remetter para o uso desta Eschola: a Faculdade resolvêo que se agradecesse: um officio da Commissão encarregada do festejo do dia 2 de Julho convidando a Faculdade para assistir ao Te Deum, que pretende fazer celebrar nesse dia na Igreja do Collegio; ficou inteirada. A Commissão encarregada de dar o seo parecer sobre a creação de uma Commissão annual requerida pelo Dr. Jonathas (6) para examinar e decidir das faltas dos Estudantes, está do mesmo accôrdo, podendo todavia a Faculdade modificar ou alterar as decisões por ella tomadas a tal respeito na Congregação do ultimo de Outubro.

A requerimento do Dr. Rebouças (7), a Faculdade resolvêo que fosse prohibida a sahida para fóra da Bibliotheca da obra do Dr. Martius sobre o Brasil.”

– Referência nº 4 – “Faculdade de Medicina da Bahia - Livro de Actas – 1816 –1855 – Anno 1843 – pp. 196-v-197”.

Sexta-feira, 28 de julho – Na sessão da Congregação, deste dia, “leo-se um off.º do Dr. José Eustaquio Gomes, presidente da Sociedade de Medicina da Cidade do Recife de 23 de Maio do corrente anno remettendo a esta Faculdade dous exemplares dos numeros do seo periódico até hoje publicados; resolvêo-se que se agradecesse. Foi prezente a Faculdade um Titulo de Pharmacia concedido pela Câmara Municipal da Cidade de Recife a Jozé Maria Gonçalves Ramos em 25 de Outubro de 1833 a fim de ser verificado, não se tomando conhecimento delle por ter sido concedido contra a Lei da organização das Escholas Medicas, a Faculdade em virtude da resolução d’Assemblea Geral Legislativa de 4 de Julho de 1836, deliberou que o mencionado Ramos passasse a exame pela forma marcada na dita Resolução, p.ª o que marcou-se o dia pr.º d’Agosto pelas onze horas, e foram nomeados para examinadores os Drs. Gesteira (8), Almeida, e Velho (9) tirando o Examinando de vespera os respectivos pontos.” – Op. cit. nº 4 – Ibidem – pp. 197-198.
Terça-feira, 1º de agosto – Sessão da Congregação: “Resolvendo a Faculdade que se nomeasse Bibliothecario em razão do fallecimento do Dr. Diniz, (Dr. Manoel Feliciano Ribeiro Diniz) - (10), o Director propoz o Dr. Antonio José Ozorio (11), e foi por ella unanimemente approvado por escrutinio secreto. Entrou isso pr.ª discussão, e foi approvado o parecer da Commissão sobre a creação de uma commissão annual para examinar e decidir das faltas dos Estudantes. A Faculdade resolvêo, q.’ se observasse restrictamente a deliberação de 5 de Março de 1842, isto he, que de ora em diante os Estudantes, que não abonarem no principio de cada mez as faltas commetidas no anterior, perderão esse direito. Os Drs. Cabral (12) e Almeida paticiparão q.’ forão sorteados para servirem na prezente sessão do Jury, que devia ter principio no dia 7 do corrente; em consequencia forão nomeados os Drs. Pedroza (13) e Antunes (14) para regerem as respectivas Cadeiras.”
- Op. cit. nº 4 – Ibidem - pp. 198-198-v.
Quinta-feira, 17 de agosto – Hoje, pela manhã, o presidente da província da Bahia, Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos enviou ao diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, “ficando inteirado pelo Officio que. V. S.ª me dirigio em 14 do corrente, de ter sido nomeado em o 1º do mesmo o Dr. Antonio José Ozorio, para o lugar do Bibliothecario da Faculdade de Medicina, que vagára por fallecimento do Dr. Manoel Feliciano Ribeiro Diniz, sou a dizer-lhe em resposta ao seo referido Officio, que nesta data faço a necessaria communicação á Thesouraria .”

– Referência nº 5
– Biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia
– Arquivo - Memorial da Medicina Brasileira – Acesso 01.06.05.45
Segunda-feira, 21de agosto – Nesta sessão, “leo-se o expediente: em off.º do Ministro do Imperio de 24 de Julho participando haver recebido a caixa com as theses enviadas por esta Faculdade, e dado o competente destino; um do Prezidente da Prov.ª communicando ficar inteirado da nomeação do Dr. Ozorio para o lugar de Bibliothecario, tendo feito expedir a Thezour.ª a necessaria participação com um requerimento e um requerimento de Antonio Policarpo Araponga Matoim pedindo para passar a exame de Pharmacia, visto achar-se pelos documentos q.’ aprezenta, nas circunstancias da Resolução da Assemblea Geral Legislativa de 4 de Julho de 1836 foi deferido na forma requerida. Forão prezentes a Faculdade os Diplomas de Joaquim Lopes Lobão, Dr. em Medicina pela Universidade de Giessen na Alemanha, e Cirurgião pelo antigo Collegio Medico-Cirurgico do Rio de Janeiro afim de serem verificados; e que sendo visto e reconhecida a identidade de pessoa o Director mar. (sic) o dia 23 do corrente as 9 horas para o respectivo exame.”
– Op. cit. nº 4 – Ibidem - pp. 199-199-v.
Quarta-feira, 23 de agosto – Na sessão da Congregação, desta data, “foram prezentes a Faculdade as duas historias de Medicina e Cirurgia feitas no Hospital da Misericordia pelo Dr. Joaquim Lopes Lobão, e sendo sobre ellas argüido pelos Drs. Gesteira, Ataliba (15), Alencastre (16), Aranha (17), Rebouças e Malaquias (18), e corrido o escrutinio foi approvado = Simpliciter.”
– Op. cit. nº 4 - Ibidem - pp. 199-v.
Sábado, 2 de setembro – Na sessão da Congregação, hoje reunida, “leo-se o expediente: em Avizo da Secretaria do Imperio de 14 de 7br.º ultimo communicando ter S. M. o Imperador approvado a nomeação, que fez a Faculdade do Dr. Antonio José Ozorio para exercer o lugar de Biblliothecario na vaga que ficou pelo fallecimento do Dr. Diniz Ribeiro; e um off.º do Presidente da Provincia fazendo a mesma communicação: ficou a Faculdade inteirada. Entrando na segunda discussão, e pondo-se a votação não passou o parecer da Commissão sobre a creação de uma outra especial para examinar e decidir das faltas dos Estudantes.” Dentre outros alunos que tiveram abonadas as faltas, destaca-se, a 2 de agosto, o estudante José Affonso Paraíso de Moura (19) e, a 9 do mesmo mês, o estudante João José Barbosa d’Oliveira (20).
– Op. cit. nº 4 – Ibidem - pp. 200-200-v.
Terça-feira, 11 de setembro – Lá pelas 11 horas da manhã de hoje, o diretor da Faculdade de Medicina comunicou ao presidente da província “o parecer da Commissão, que em virtude do despacho de V. Ex.ª exarado no requerimento incluso, nomeei para examinar o estado de saude do guarda policial Thomaz Jozé de Aquino.” – Op. cit. nº 5 – Ibidem
Segunda-feira – 25 de setembro – Nesta data, firmado pela manhã, o presidente da província oficiou ao diretor Paula que a ele transmitia “por copia para conhecimento da Faculdade de Medicina, o Aviso do Ministerio do Imperio, datado de 14 do corrente, pelo qual me he communicado, que S. M. O I Houve por bem Approvar a Nomeação, que a mesma Faculdade fisera ao Dr. Antonio José Ozorio, para ser Bibliothecario; e que o agraciado deve solicitar a authorisação a que se refere o mesmo Aviso, para lhe poder ser abonado o seo respectivo vencimento.”
– Op. cit. nº 5 – Ibidem

Segunda-feira, 9 de outubro - Nesta sessão da Congregação, hoje reunida, “a requerimento do Servente da Bibliotheca a Faculdade elevou a 500 rs. a diaria que elle percebe nos dias uteis; e passando-se a nomear o Jury que tem de julgar o Concurso ao lugar de Substituto da secção chirurgica forão eleitos por escrutínio secreto os Drs. Paula, Antunes, Jonathas, Alencastre, Gesteira, Aranha, Almd.ª, Cabral, França (21), Magalhaens (22), Rebouças, e para Suplentes tirada a sorte em pr.º lugar o Dr. Pedroza, em 2º o Dr. Malaquias, em 3º o Dr. Velho, em 4º o Dr. Queiroz (23) e em 5º o Dr. Ataliba. Tratando finalmente a Faculdade sobre o exame pratico do referido Concurso, resolveo-se que fosse feito em Anatomia, Operaçoens, Partos e Clinica Chirurgica tirando cada um dos Candidatos um ponto differente sobre cada uma das treze primeiras cadeiras; e a respeito dos exames de Clinica este se regulasse pela forma já praticada no Concurso p.ª o lugar de Substituto da secção medica não excedendo cada exame ou prova de meia hora para argumentação de cada Candidato aos seos Oppositores.”
– Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 201-201-v.

Quinta-feira, 12 de outubro – Na sessão da Congregação, reunida hoje, “leo-se um requerimento dos Drs. Antunes, José Ozorio, Mathias Moreira Sampaio (24) e José de Góes Serqueira (25) Candidatos ao Concurso ao lugar de Substituto da secção chirurgica, pedindo á Faculdade houvesse de revogar a resolução tomada a 9 do corrente sobre a prova pratica, mandando observar o que se praticou em caso idêntico com o Dr. Elias José Pedroza, visto q.’ uma tal deliberação foi tomada depois do encerramento do mesmo Concurso, devendo alias ser promulgada no dia de sua insttalação para inteiro conhecimento dos Concurrentes; á vista do que a Faculdade deliberou, que a prova pratica fosse feita pela forma acima pedida, podendo, podendo sim cada Juiz lançar na Urna um ponto sobre qualquer ramo pratico da secção cirúrgica, que deverá ser feito, digo, ser differente para cada Candidato; assim como que cada um delles terá somente um quarto de hora para preparar 2, e meia hora quando muito para arguir aos seos adversários, devendo outro sim, se algum ponto tirado for de clinica cirurgica, observa o que se praticaou no Concurso de Substituto da secção cirurgica, digo, medica. O Dr. Malaquias apprezentando por esta occasião uma proposta para regular as provas praticas de taes concursos, foi a uma Commissão dos Drs. Eduardo (cf. nota nº 21), Aranha e Antunes para dar parecer a respeito."
– Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 201-v-202.

Terça-feira, 17 de outubro – Na sessão desta manhã, “o diretor aprezentou os Diplomas do Dr. em Medicina e Cirurgia, e de Pharmacia de Roberto Arbuckle, que pede a Faculdade para os verificar na forma de lei; á vista do que forão marcados o dia 20 para o exame de Pharmacia sendo Examinadores os Drs Eduardo, Malaquias, Queiroz, Velho e Pedroza; e o dia 21 para o exame de chimica medica e cirúrgica sendo Examinadores os Drs. Cabral, Antunes, Aranha e Malaquias.”
– Op. cit. nº 4 – Ibidem – p. 202-v.

Terça-feira, 31 de outubro - Reunida hoje a Congregação, “leo-se um officio do Ministro do Imperio de 12 do corrente communicando ficar S. M. O Imperador inteirado de ter sido parte em Concurso o lugar de Substituto da secção chirurgica. Habilitarão-se para os exames 130 estudantes, e quatro perderão o anno por faltas que derão, sendo um delles do primeiro anno, dous do segundo, e um do terceiro. Não havendo resolução alguma sobre a forma dos exames das Parteiras, depois de terem concluido o curso, a Faculdade deliberou, que ellas passassem por dois exames, um theorico, e outro pratico, tendo 24 horas para estudar o ponto theorico, q.’ versará somente sobre partos, sendo arguidas por cinco lentes, e findo este tirarão logo um ponto para o exame pratico, tendo apenas um quarto d’hora para preparar-se. As propostas do Dr.Eduardo, = q.’ para o futuro nenhum estudante podesse sustentar a sua these no anno, em que freqüentasse o 6º anno; e a do Dr. Aranha, q.’ nenhuma these podesse ser impressa senão depois de revista, não podendo a revisão ter lugar senão depois de approvado o Estudante em todas as matérias do 6º anno, forão a uma Commissão dos Drs. Magalhaens, Aranha, e Queiroz para darem parecer a respeito. Por proposta do Dr. Antunes a Faculdade resolvêo, que de hora em diante os Estudantes q.’ houverem de matricular-se no pr.º anno, sejão examinados em cada um dos preparatorios por 3 Professores publicos sob a prezid.ª de um Lente da Faculdade sem voto, marcando-se dias distintos para cada um preparatorio; e logo o Director nomeou o Dr. Ataliba para prezidir os exames de Latim no anno vindouro, o Dr. Jonathas os de Francez e Inglez; o Dr. Aranha os de Logica; e o Dr. Magalhaens os de Arithmetica e Geometria”.
– Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 203-203-v.
Terça-feira, 7 de novembro – Hoje, reunida a Congregação, “leo-se um off.º do Prezidente da Provincia de 6 do corrente acompanhada da Resolução d’Assemblea Geral Legislativa de 30 de Setembro, que ordena que sejão izemptos de fazer exame das materias preparatorias para serem admittidos a matricula em qual quer das Academias do Imperio os Bachareis em Letras pelo Collegio de Pedro Segundo, logo que aprezentem seos Diplomas; assim como que o exame dos preparatorios feito em alguma das Academias do Imperio seja valido em todas; ficou a Faculdade inteirada. Requerendo José Joaquim de Morais Sacramento verificar o seo Diploma de Dr. em Medicina pela Academia de Pariz na forma da Lei; marcou o Director o dia 9 pelas 9 horas da manhã para o respectivo exame, nomeando para Examinadores os Drs. Antunes, Cabral, Aranha, Ataliba, Jonathas, Eduardo, e Malaquias.”
– Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 204-204-v.
18 de novembro – Neste dia, o farmacêutico Manoel Rodrigues da Silva (26) emite, lá pelas 10 horas da manhã, o seguinte atestado: “Attesto, com juramento sendo necessario, que o Snr. Belchior de Souza e Silva assistio ao Exercicio pharmaceutico pratico em minha Botica, durante os trez annos q.’ nella esteve sob minha direcção; e mesmo preparou muitos medicamentos com acerto. E por me ser este pedido, a grafia de m.ª letra, efirma.”

O dito atestado é remetido ao diretor Paula, tendo incluso a petição do interessado, Belchior de Souza e Silva, exarado nos seguintes termos: “Diz Belchior de Souza Silva, que tendo feito exame de Chimica, e materia medica , faltando-lhe para finalizar o seu curço (sic) Pharmaceutico, o exame pratico, P. a V. S. se sirva marcar um dia p.ª o d.º exame – ERM”.

O vice-diretor Abbott, na segunda-feira, 20 de novembro, marca o dia 23 do corrente, e indica para examinadores os Drs. Velho, França, Malaquias, Antunes, Magalhaens, Gesteira e Aranha.
– Op. cit. nº 5 - Ibidem

Quarta-feira, 22 de novembro – O acadêmico Severiano de Araújo Matto-Grosso, obrigado pelo Art. 26 dos estatutos da Faculdade de Medicina da Bahia a apresentar, com os demais aspirantes a título de doutor em Medicina, apresenta e defende em público uma tese, escrita em idioma nacional. A sua dissertação, também denominada de “Tese de doutoramento”, “Tributo acadêmico”, “Dissertação inaugural”, tem o título de “Dissertação sobre a atmosphera, e sua influencia sobre a economia animal” – “Cadeiras de Physica e Hygiene” – “Bahia – Typ. Galdino José Bezerra – 1343” – “App. Pl. – P. Abbott, Cabral, Magalhaens, Ed. Ferreira, Alencastre, Souza Velho”.

– Referência nº 6 – Biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia – Arquivo - Memorial da Medicina Brasileira – “Livro de Theses”, a partir de 1836 – 1º volume – nº de ordem: 48.
Segunda-feira, 27 de novembro – Dissertação inaugural de João José Damasio – “Proposição sobre Sciencias Medicas” – “Cadeira de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ. José C. Villaça – 1843” – “App. Pl. – P. Aranha, Magalhaens, Ed. França.”
– Op. cit. nº 6 – Ibidem - nº de ordem: 49.
Segunda-feira, 27 de novembro – Tese sustentada por João de Carvalho Borges – “Proposição sobre parto” – “Cadeira de Obstetricia” – “Bahia – Typ. José C. Villaça” – 1843”. – “ App. Pl. – P. Gesteira, Cabral, Aranha, S. Velho, Elias, Malaquias.”
– Op. cit. nº 6 – Ibidem - nº de ordem: 50.
Sexta-feira, 1º de dezembro – Tese inaugural sustentada por Thomas Diogo Leopoldo Castanheira – “De Scientiis Medicis nonnullae propositione” – “Obs. De philosophia philosophica – De Chimica Allae – Hypp. aphorismi” – “Cadeira de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ. J. A Villaça – 1843” – “App, Pl. P. Paula Araujo Almeida, Aranha. Ed. França, Azevedo, Chaves, Malaquias.”
– Op. cit. nº 6 - Ibidem - nº de ordem: 51.
Sexta-feira, 1º de dezembro – Na sessão da Congregação de hoje, “foi prezente a Faculdade um requerimento do Dr. José de Goes Sequeira. um dos Oppositores ao Concurso do lugar vago de Substituto de sessão cirúrgica, reprezentando, para que a proposta dirigida ao governo de S. M. o Imperador comprehendesse todos os trez Candidatos, visto que elle mereceo a mencionada, que os ouros; e foi indeferida. primeiro, por q.’ a isso oppunha-se a clara e terminante disposição da Lei; e occorrendo por q.’ o Supplicante longe de ter merecido, como erradamente alega a mesma nota, que obteve o Candidato escolhido, não por julgar habil para o lugar do Concurso por nove votos contra dous. Forão prezentes a Faculdade as copias das actas do Concurso.”
- Op. cit. nº 4 – Ibidem – pp. 204-v – 205.
Segunda-feira, 4 de dezembro – Hoje, pelas 9 da manhã, João Antunes da Luz defendeu a tese “Proposições sobre Sciencias medicas” – “Cadeira de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ. Epifanio J. Pedrosa – 1843” – “App. Pl. P. Abbott, Magalhaens, Alencastre, Gesteira, Malaquias, Ed. França.”
- Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 52.
Quinta-feira, 7 de dezembro – Pelas 10 horas da manhã de hoje, Joaquim Antonio da Rocha, sustenta a dissertação inaugural “Educação physica e moral” – “Cadeira de Hygiene” – “Bahia – Typ.” – Observação: o amanuense da Faculdade de Medicina da Bahia não lavrou no respectivo livro de teses o nome da tipografia que imprimiu a sobredita tese – Não teria sido impressa?” – “App. Pl. P. Ed. França, Cabral, Ataliba, Abbott, Gesteira, Malaquias”.
- Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 53.
Sábado, 9 de dezembro – Na manhã de hoje, lá pelas 9 horas, Manoel Genesio de Oliveira sustenta a tese - ... ... ... Observação: Não existe no respectivo livro de atas nenhum registro sobre o título da tese, cadeira e tipografia. Apenas está exarado: “App. Pl. P. Magalhaens, Gesteira, Aranha, Ed. França, Malaquias.”
- Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 54.
Segunda-feira, 11 de dezembro – João José Barbosa de Oliveira (cf. nota 20) sustenta, nesta manhã, tese de doutoramento intitulada “As prisões do Paiz e systema penitencial ou hygiene penal.” – “Cadeira de Hygiene” – “Bahia – Typ. L. A. Portella – 1843” – “App. Pl. P. Ed. França, Abbott” – “Theses sobre toda a cadeira – Hypp. Aphorismi – Magalhaens, Chaves, Malaquias e Francisco de Paula e Almeida.”
- Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 55.
Terça-feira, 12 de dezembro – Na manhã de hoje, Juvencio Cardoso da Cunha defendeu a dissertação inaugural “Proposições medicas” – “Cadeira de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ. do Correio Mercantil – 1843” – “App. Pl. P. Abbott, Cabral, S. Velho, Malaquias, Ed. França.”
- Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 56.
Quarta-feira – 13 de dezembro – Reunida a Congregação na manhã de hoje, “leo-se o expediente: um off.º do Prezidente da Prov.ª de 15 de Novembro participando ter concluido mais um anno de licença ao Dr. João Baptista dos Anjos; ficou a Faculdade inteirada: um requerimento do Estudante do 6º anno Luiz Gonzaga Mor.ª, que tendo sido reprovado no exame de Chimica pedia a Faculdade lhe houvesse de merecer um prazo limitado para passar a novo exame e teve por diferimento q.,’ o não poderia fazer sem que de novo freqüentasse as Clinicas Por espaço de um anno. Obtiverão louvor nos exames do 2º anno medico Cypriano Barbosa Betamio; e do 4º os Estudantes Francisco Bonifacio d’Abreo, e Antonio Luiz Freire de Carvalho. A Faculdade nomeou os Professores, que hão-de servir de Examinadores nos exames dos preparatórios no anno proximo vindouro.”
- Op. cit. nº 4 – Ibidem – p. 206.
Quinta-feira, 28 de Dezembro – Nesta manhã, o presidente da província da Bahia, Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos envia ao diretor Paula ofício informando que “Sendo-me remettido pelo Excellentissimo Presidente da Prov.ª do Maranhão o incluso exemplar do opusculo publicado pelo Dr. P. Saulmir sobre a scarlatina, offereço á V. S.ª o dito opusculo, afim de o apresentar á Faculdade de Medicina, e ser por ella tomado n’aquele apreço, q.’ merecer.”
- Op. cit. nº 5 – Ibidem
NOTAS
Advertência: as notas referentes aos lentes Francisco de Paula Araújo e Almeida (1), Jonathas Abbott (6), Francisco Marcellino Gesteira (8), Joaquim de Souza Velho (9) e Manoel Ladislau Aranha Dantas (17) já foram apresentadas nas pesquisas referentes ao ano de 1843 – Parte I.

(2) Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos. 13 º presidente da província da Bahia – De 26 de junho de 1841 a 12 de agosto de 1844.
- Cf. Castro, Renato Berbert de - Os Vice-Presidentes da Província da Bahia – Coleção frei Vicente do Salvador - Volume I – governo do Estado da Bahia - Gráfica Editora Arco Íris Ltda, setembro de 1978. Do acervo particular do Autor

(3) Prudêncio José de Souza Britto Cotegipe. Secretário da Faculdade de Medicina da Bahia, médico, bacharelou-se em medicina pela Universidade de Coimbra em 1827.
Os lentes da Faculdade de Medicina da Bahia comunicaram ao presidente da Província da Bahia, Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, a 27 de março de 1833, informando que “... em observancia dos Art. 8º e 10º da Lei de 3 de 8br.º do anno passado, nomeou no dia 21 do Corrente a Prudencio José de Sousa Britto Cotegipe, Bacharel em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Coimbra, Secretario da Escola, em cujo exercicio já se acha: ...”
O vice-diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, José Avelino Barbosa, encaminhou ao presidente Pinheiro ofício datado de 21 de outubro do mesmo ano, 1833, nos seguintes termos: “... no dia 24 de Maio do corrente anno, foi nomeado Secretario effectivo desta Eschola, em virtude do Art. 8º da Lei de creação, o Bacharel em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Coimbra, Prudencio José de Sousa Britto e Cotegipe, q.’ já exercia o mesmo lugar interinamente desde 21 de Março deste mesmo anno: o q.’ não se tendo então por esquecimento participado a V. Ex.ª , se faz nesta occazião.”
– Cf. ref. nº 3 – Ibidem - p. 166; p. 186.

(4) P. João Pereira. Reitor do Real Colégio da Bahia em 1675. “Da cidade da Baía, onde nasceu em 1614. Foi Vice-Reitor de Pernambuco e professor notável de Filosofia e Teologia, e censor de livros, entre os quais o III Tomo dos Sermões de Vieira (censura favorável de 20 de Julho de 1682). Em 1662 tinha ido à Ilha de S. Miguel, Açores, a um morgado. Daí passou ao Reino donde voltou ao Brasil em 1663. Faleceu na Baía, a 23 de Maio de 1691”.
- Cf. ref nº 2 – Ibidem - p 83; p. 95; p. 134.

(5) Carl Friederich Phillipp von Martius. Nasceu a 17 de abril de 1794, em Erlangen, Norte da Baviera e faleceu a 13 de dezembro de 1868, em Munique. Viajou demoradamente pelo Brasil durante os anos de 1817 e 1820. Insigne botânico, escreveu com Johann Baptist von Spix, sábio em zoologia, a portentosa obra Reise in Brasilien.
Além da sobredita obra, von Martius publicou Novae Genera et Species Plantarum (1823-1832) e Plantarum Cryptogranicarum (1828).
Viagem pelo Brasil (Reise in Brasilien) foi originalmente publicada em Munique, Alemanha, em 3 volumes, em 1823, 1828 e 1831. Von Spix só viu a publicação do primeiro volume, pois morreu logo após, a 14 de março de 1826, em Munique, provavelmente enfermado pela esquitossomose, adquirida no Brasil.
Os primeiros tomos da “magnum opus” de referência da botânica brasileira, a Flora Brasiliensis, impressa em 40 volumes, com 20.773 páginas, começaram a ser editados, sob a responsabilidade de von Martius, a partir de 1840. A publicação foi continuada, após a sua morte em 1868, por August Eichler, concluída por outros 75 pesquisadores e completada por Ignatius Urban em 1906. A edição da magnífica obra, sob os auspícios de Ferdinand I, Imperador da Áustria, Ludovic I, Rei da Baviera e D. Pedro II, Imperador do Brasil, teve inicio em 1845.
Pelo exposto “ut supra”, o “jogo de obras do Dr. Martius”, oferecido à Faculdade de Medicina da Bahia pelo Imperador D. Pedro II, em 1º de junho de 1843, poderia ser Reise in Brasilien ou, então a “magnum opus” Flora Brasiliensis, que começou a ser publicada por von Martius em 1840 e que, por deferência especial ao Brasil que ele tanto amou, e em reconhecimento ao carinho, admiração e apoio de D. Pedro II, o insigne e sábio botânico teria ofertado, provavelmente, os primeiros tomos a Sua Majestade o Imperador do Brasil.
Consoante informações verbais, a Biblioteca da Faculdade da Bahia, no Terreiro de Jesus, é a segunda instituição no Brasil a ter no seu acervo a coleção completa da Flora Brasiliensis.
Cf. “von Spix e von Martius – Através da Bahia – Excerptos da obra Reise in Brasilien – Trasladados a português por Dr. Pirajá da Silva e Dr. Paulo Wolf – Trabalho apresentado ao 5º Congresso Brasileiro de Geographia e Approvado com louvor - 2ª Edição Melhorada e Completa – Bahia – Imprensa Official do Estado – Rua da Misericordia n. 1 – 1928”. - Do acervo particular do Autor.
Também foram feitas aligeiradas consultas pela Internet.

(7) Manoel Mauricio Rebouças. (1800-1866) - Natural da Bahia (Maragojipe). Graduou-se em Medicina pela Faculdade de Paris, em 1831. Nessa mesma cidade, formou-se em Bacharel em Ciências e Letras. Lente, por concurso, de Botânica Médica e Zoologia (1833 a 1861). Conselheiro do Imperador. Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro. Tese de Paris, 1831: Dissertation sur les inhumations en général.
-Cf. Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia concernente ao ano de 1942 por Eduardo de Sé Oliveira – Professor Catedrático de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da UFBA – Salvador, Centro Editorial e Didático da UFBA – 1962 – p.137.

(10) Manoel Feliciano Ribeiro Diniz. Falecido em 1843, natural da Bahia e graduado na Faculdade de Medicina de Montpellier em 1841. Tese: “De l’érudition en general et de l’érudition médicale em particulier, considérées comme compléments à l’étude et à la pratique de médecine”, Montpellier, J. Martel aîné, 1841.
Regressando ao Brasil, após a graduação em Medicina, trouxe sua biblioteca particular composta de variadas obras sobre ciências médicas e filosóficas e de literatura, ofereceu-as à venda à Faculdade, sendo a compra de 1544 volumes e 532 folhetos efetuada em agosto de 1841, na importância de 2:452$876. A Faculdade de Medicina o nomeou seu bibliotecário, tendo falecido no ano de 1843.
- Cf. Licurgo Santos Filho - Historia Geral da Medicina Brasileira – Volume Segundo – Hucitec – EDUSP - São Paulo – p. 145; p. 166. – Do acervo particular do Autor.
Cf. “Memoria Historica da Faculdade da Bahia relativa ao anno de 1924 pelo Dr. Gonçalo Moniz Sodré de Aragão, Professor cathedratico de Pathologia Geral – Ministerio da Educação e Saude – p. 292”. – Do acervo particular do Autor.

(11) Antonio José Ozorio. (1816-1868) – Natural da cidade da Bahia. Graduou-se em Medicina, em 1839, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Lente substituto, por concurso, da Seção de Ciências Médicas (1846); Lente de Farmácia, 1855 a 1868. Bibliotecário da Faculdade. Tese inaugural: Considerações médicas sobre a utilidade do casamento. Bahia, 1839.
-Cf.op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem - p. 151.

(12) Antonio Policarpo Cabral. (1789-1865) – Diplomado em Medicina pela Universidade de Coimbra. Lente de Química Medica e Princípios Elementares de Mineralogia (1833); Transferido para a cadeira de Clinica Interna (1833-1864); Lente jubilado (1864).
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 139.

(13) Elias Jozé Pedroza. (1808-1887) – Natural da ilha de Itaparica, Bahia. Graduou-se em Medicina, em 1837; Cirurgião aprovado pelo Colégio Médico-Cirúrgico, em 1828; Cirurgião formado, em 1829, pelo mesmo Colégio. Do Conselho do Imperador; Cavaleiro da Ordem de Cristo; Membro da Sociedade Politécnica de Paris; Cirurgião-Mor da Guarda Policial. Tese de doutoramento: Sobre as feridas por mordeduras de animais danados. Bahia, 1837. Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia relativa ao ano de 1871. (Publicada na Gazeta Médica da Bahia).
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 185.

(14) João Antunes de Azevedo Chaves. (1805-1873) – Natural da cidade da Bahia. Lente de Clínica Externa (1833-1861); já era substituto do Colégio Médico-Cirúrgico (1829). Membro do Conselho de Instrução Pública da Bahia. Cavaleiro da Ordem de Cristo. Do Conselho do Imperador. Vereador da Câmara Municipal do Salvador. Deputado provincial em várias legislaturas. Professor público de Retórica (1827-1832). Escreveu “Memória dos acontecimentos notáveis do ano de 1856, apresentada para servir de crônica à Faculdade de Medicina da Bahia, em 2 de março de 1857, em cumprimento do art. 197 dos Estatutos. Bahia, 1857”.
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 159.

(15) – José Vieira de Faria Aragão Ataliba. (1804-1853) – Natural da cidade da Bahia. Graduou-se em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Coimbra, em 1827. Lente da Cadeira de Química Médica e Princípios Elementares de Mineralogia (1833); Transferido para a de Patologia Interna, vaga em virtude da jubilação do Prof. Antonio Ferreira França em 1837 - (1838-1853).
Provedor da Saúde do Porto, Presidente do Conselho de Instrução Pública, Presidente da Comissão de Higiene Pública da Província da Bahia, Vereador e Presidente da Câmara Municipal, Deputado Provincial, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Oficial da Ordem da Rosa. Tese de doutoramento defendida em Portugal.
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 129.

(16) João Jacinto de Alencastre. (1802-1868) – Lente substituto. Lente proprietário de Anatomia Topográfica, Medicina Operatória e Aparelhos (1840 a 1861). Foi substituído por Jose Antonio de Freitas.
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 145.

(18) Malaquias Álvares dos Santos. (1810- 1856) – Natural da ilha de Itaparica, Bahia. Colou o grau de doutor em Medicina, em 1839, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Lente substituto da Seção de Ciências Acessórias, por concurso (1841); Lente proprietário de Medicina Legal (Reforma das faculdades de Medicina, 1855-1856). Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Tese de doutoramento: O estudo da física, quer experimental, quer analítica, é essencial à instrução médica. Bahia, 1839. Escreveu a primeira memória histórica sobre a Faculdade de Medicina da Bahia: Memória histórica dos acontecimentos notáveis de 1854, apresentada à Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia, 1855.
Cf. op. cit. – Ref. nota n.º 7 – Ibidem – p. 131.

(19) José Affonso Paraíso de Moura. (1821-1898) – Natural da cidade da Bahia. Colou o grau de doutor em Medicina, em 1844. Opositor, por concurso, da Seção de Ciências Cirúrgicas (1856); Lente, por concurso, de Clínica Externa (1871); Professor jubilado (1890).
Do Conselho do Imperador D. Pedro II. Fez cursos de aperfeiçoamento em cirurgia na Europa.
Tese de doutoramento: Proposições sobre diversos ramos das ciências médicas. Bahia, 1844. Autor da Memória Histórica dos Acontecimentos mais Notáveis da Faculdade de Medicina da Bahia, no ano de 1873. Bahia, 1874.
Cf. op. cit. –Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 211.

(20) João José Barbosa de Oliveira. Pai de Ruy Barbosa, doutorou-se em medicina no ano de 1844, pela Faculdade de Medicina da Bahia, todavia era vocacionado para a carreira de advogado, apresentando dom para a oratória, recitando, em 1844, discurso necrológico nas exéquias do diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida. Inscreveu-se no concurso para Lente substituto da Seção Médica na Faculdade de Medicina, não logrando aprovação. Lançou-se na política, filiando-se ao Partido Liberal, em 1848, elegendo-se Deputado à Assembléia Provincial. Não consegue reeleger-se deputado, mas tornara-se redator do jornal liberal O Século. No ano de 1854, candidata-se a uma nomeação para um lugar de professor na Faculdade de Medicina da Bahia e é preterido. Nos sucessos da epidemia de célera morbo, em 1855, é nomeado diretor de um posto sanitário. É um dos fundadores do Instituto do Histórico da Bahia. Em 1857, toma posse do cargo de Diretor Geral do Ensino Provincial até agosto de 1868. Dissolvida a Câmara em 1863, elegeu-se deputado à Assembléia Geral do Império e foi morar no Rio de Janeiro até 1868, quando perdeu definitivamente o mandato, retornando à Bahia. Assoberbado de dívidas e sem a ajuda da esposa que falecera no ano anterior, tenta gerir uma olaria.
Cf. Magalhães, Rejane Mendes Moreira de Almeida in Rui Barbosa na Vila Maria Augusta – Fundação Casa de Rui Barbosa – Ministério da Cultura – Rio de Janeiro, 1994 – pp. 101-104. Do acervo particular do Autor.

Casou-se com sua prima Maria Adélia Barbosa de Almeida, irmã de Luiz Antonio Barbosa de Almeida, influente personalidade do Partido Liberal, e que ajudou a eleger João Barbosa Deputado Provincial.
O himeneu foi celebrado a 29 de julho de 1848, na Capela do Palácio Arquiepiscopal, pelo arcebispo desta Diocese, D. Romualdo Antonio de Seixas, tendo sido uma das testemunhas o doutor Jonathas Abbott. (Cf. Berbert, José Augusto in “O dia em que Salvador foi bombardeada”. – “ Descoberto Documento Inédito sobre Ruy Barbosa”. Empresa Gráfica da Bahia, 1982 – pp. 27-31. Do acervo particular do Autor.
Do matrimonio, nasceram Ruy e Brittes.
D.Maria Adélia Barbosa de Oliveira, faleceu a 16 de junho de 1867 e João José Barbosa d’Oliveira finou-se a 29 de novembro de 1874, de cólica intestinal e era “empregado da Mizericordia”, sendo exumado a 11 de janeiro de 1891, sendo seus ossos levados a 17 de janeiro do mesmo ano para a cava nº 60 da 3ª Ordem na Capela do Cemitério Campo Santo.
Com referência aos débitos do pai, Ruy Barbosa apresentou a seguinte declaração: “Declaro que, afora dívidas particulares, das quais não existem documentos formais, mas que, todavia tomei a mim, deixou o meu muito presado Pai, em diversos estabelecimentos bancários desta Capital, obrigações cuja soma total perfaz a importância de Rs. 8:660$000 e cuja completa responsabilidade assumi a mim resgatando as letras por ele assinadas com outras que aceitei...” Além do resgate das dívidas do pai, contraídas com o Banco da Bahia, Banco Mercantil, e Caixa Econômica, Ruy também pagou as “despesas funerárias e de enterramento e missa”, as quais importavam em 731$740.
Cf. Documentos Históricos (Inventários de D. Maria Adélia Barbosa de Oliveira e seu esposo Dr. João José Barbosa de Oliveira) – Vol. I – Secretaria do Interior e Justiça – Arquivo Público do Estado da Bahia – Salvador – Bahia – Brasil – 1955. Imprensa Oficial da Bahia - Com prefácio de Waldemar Mattos – p. III do prefácio; pp. s/n – referentes a Notas. Do acervo particular do Autor.

(21) Eduardo Ferreira França. (1809-1857) – Natural da cidade da Bahia, colou o grau de doutor em Medicina pela Faculdade de Paris, em 1834; Lente substituto da Seção de Ciências Acessórias (1835); Lente, por concurso, de Química Médica e Princípios Elementares de Mineralogia (1839-1857); Deputado à Assembléia Geral (1848 a 1851) e reeleito para a seguinte legislatura, não tendo tomado posse por se achar enfermo. Faleceu em viagem para a Europa; seu corpo foi lançado ao Atlântico. Era filho do insigne Prof. Antonio Ferreira França, da Faculdade de Medicina da Bahia, e irmão do Prof. Antonio Ferreira França, da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – pp. 135-136.

(22) Vicente Ferreira de Magalhães. (1799-1876) – Natural da cidade da Bahia. Aprovado em Cirurgia, em 1828 e de Cirurgião formado, em 1829, pelo Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia. Diplomado em Medicina pela Universidade de Coimbra.
Lente, por concurso, de Física Médica (1833, sendo o primeiro lente dessa disciplina; Lente jubilado, em 1876; Doutor em Medicina, em 1835, pela Faculdade de Medicina da Bahia; Vice-diretor, durante muitos anos e diretor interino de 1871 a 1874. Do Conselho do Imperador D. Pedro II; Comendador da Ordem de Cristo e da Rosa. Membro do Conselho de Salubridade da Bahia.
Cf. op. cit. – Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 171.

(23) Alexandre José de Queiroz. (1813-1883) – Cirurgião aprovado, em 1836, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Diplomado pela Universidade de Pisa, em 1840. Substituto da Seção de Ciências Médicas (1841); Lente de Patologia Interna (1853). Sucedeu a José Vieira de Faria Aragão Ataliba (1853) e foi sucedido por Demétrio Ciríaco Tourinho (1871).
Cf. op. cit. Ref. nota nº 7 – Ibidem – p. 177.

(24) Mathias Moreira Sampaio. (1813-1875) – Natural da cidade da Bahia. Colou o grau de doutor em Medicina, em 1838, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Substituto da Seção de Ciências Cirúrgicas (1844); Lente da cadeira de Partos. Moléstias de Mulheres Pejadas e de Recém-nascidos (1855). Foi substituído, na cátedra, pelo Lente de Obstetrícia, Cons. Adriano Alves de Lima Gordilho, Barão de Itapuã (1872). Do Conselho do Imperador. Tese de doutoramento: Sobre as feridas por arma de fogo. Bahia, 1838. Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia relativa ao ano de 1867. Apresentada à Faculdade de Medicina em 1868.
Cf. op. cit. Ref. nota nº 7- Ibidem – p. 169.

(25) José de Góes Siqueira. (1816-1874) – Natural de Santo Amaro da Purificação, Bahia. Colou o grau de doutor em Medicina, em 1840, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Concorrente ao lugar de substituto da Seção Cirúrgica, não tendo sido o escolhido (1843); Nomeado Lente de Patologia Geral (1855), cadeira instituída pela reforma do Ensino de 1854.
Presidente da Comissão de Saúde Pública e mais tarde Inspetor de Saúde Pública da Bahia. Deputado Provincial e Geral. Comendador da Ordem da Rosa.
Tese inaugural: A civilização tem concorrido para o melhoramento da saúde pública? Bahia, 1840. Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, relativa ao ano de 1858. Bahia, 1859.

(26) Farmacêutico Manoel Rodrigues Silva. Em 1836, a Faculdade de Medicina da Bahia instalou o Laboratório de Química, adquirido de Manoel Rodrigues Silva pela quantia de 1:825$310. O sobredito farmacêutico estudou Química em Paris e conseguiu ser nomeado preparador do mesmo Laboratório.
Cf. op. cit – Ref. nota nº 10 - Ibidem – p. 145.

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