HISTÓRIA DA MEDICINA | artigo 17 |
Notícias da Faculdade
de Medicina da Bahia Ano: 1843 – Parte final |
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Antonio Carlos Nogueira Britto Vice-presidente do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins, fundado em 29 de novembro de 1946 |
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Quarta-feira, 5 de julho de
1843 – Hoje, pelas 9 horas da manhã, o diretor da
Faculdade de Medicina da Bahia, Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida
(1), firmou ofício para ser remetido
ao presidente da província, Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos
(2), e encaminhou o “incluso attestado,
que acabo de receber da Commissão nomeada para examinar o estado
de saude das Professoras Publicas de primeiras lettras da villa de Nazareth;
em conformidade do despacho de V. Ex.ª exarado no requerimento tambem
incluso.” – Referência nº 1 - Fonte Primária – Documentos manuscritos originais e inéditos – Arquivo Público do Estado da Bahia – Guia do Império – Série Instrução – Ensino Superior – Seção de Arquivo Colonial e Provincial – Caixa nº 1649 – Maço nº 4046-1 – Faculdade de Medicina da Bahia – (1832-1849). |
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Segunda-feira, 10 de julho
– No presságio d’alva deste álgido dia, a criação
empoleirada canta, estrídula, num formidando charivari, nos quintalejos
da anciana freguesia da Sé, violentando a paz dormente das ruas e
quarteirões. Lá pelas 8 e meia da manhã, estão a entrar na vetustez do edifício da Faculdade de Medicina da Bahia, o seu diretor e o secretário da dita Escola, Dr. Prudêncio José de Souza Britto Cotegipe (3), ambos precatando-se do pirajá, repentino e forte, portando guarda-solinho de seda e resguardando-se do frio vestindo, o primeiro, quinzena d’alpaca, e, o segundo, trajando sobretudo longo de larga gola de astracã. Sobem, pachorrentos, a escada de mármore, em curva, que dá acesso ao 1º andar, passando ao lado da Capela interior dos extintos jesuítas, genuína jóia arquitetônica de lavor custoso. Resolvem entrar na Capela Interior do Colégio da Bahia, que pertencera aos expulsos padres da Companhia de Jesus no Brasil, encravada nas construções da Faculdade de Medicina da Bahia. Transpõem uma anciana porta de almofada com 3 metros e 30 centímetros de altura e 1 metro e 20 centímetros de largura. De cada lado da porta estão duas pias de pedras vermelha, de forma redonda e assaz graciosas, feitas com a mesma pedra vermelha das pias da Catedral, extraídas provavelmente de Valença. Toda a peça, assoalhada, mede, desde a parte inferior do vão da sobredita porta, a soleira, até a maior reentrância do altar, que lhe fica em frente, 18 metros; e na largura mede 8 metros e 2 centímetros. Devem ser acrescentados ao comprimento mais 2 metros e 95 centímetros, que é a medida correspondente ao altar. As paredes medem, tanto de um lado como de outro, 2 metros de espessura. Os dois ilustres dirigentes da Faculdade de Medicina da Bahia admiram,
enlevados, a cornija dourada em alto relevo, com formas de arabescos,
sustentada por 10 cabeças de anjos, cinco de cada lado. Cravam
a vista no teto de madeira de cedro, belíssimo, com grandes quadrados
pintados de cores delicadas, predominando a cor castanha e a cor preta
sobre um fundo branco, estando os quadrados sobreditos dispostos em 3
filas, separados por revestimento de madeira esculpido em baixos relevos
reproduzindo cachos de uvas e ornatos espiralados de capitéis.
Nos ângulos da juntura dos quadrados há maçanetas
pintadas e douradas, correndo entre eles linhas denteadas trabalhadas
na madeira, pintadas de branco, contornadas por frisos dourados. Os dirigentes da Faculdade quedam, contemplativos, sobrolhos carregados,
mirando, fascinados, a Capela particular dos inacianos, exuberantemente
formosa. Além da Capela interior do Colégio, a principal, nele havia mais três capelas: a da Enfermaria, sem ornatos e luxo, a dos Irmãos Humanistas, pouco extensa, porém bonita, e a dos Irmãos Noviços, provida de altar ornado com belíssimos adornos de marfim e cascos de tartaruga. Apoiando-se em uma bengala de cana-da-índia, o diretor Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida, ao lado do secretário Dr. Prudêncio José de Souza Britto Cotegipe, observa no altar da Capela as imagens de Nossa Senhora, no centro, de Santo Inácio de Loiola, em cima, de São Francisco Xavier e de São Francisco de Borja, aos lados. A Capela é decorada com azulejos, quadros romanos sobre a vida
do noviço da Companhia de Jesus, S. Estanislau de Kostka e outras
belíssimas pinturas e obras de talha. Era conhecida como a Capela do padre Antonio Vieira e pertenceu ao Hospital
Real Militar da Bahia, a partir do último trimestre de 1800, quando
começou a funcionar o dito nosocômio nas dependências
do antigo Colégio dos padres jesuítas. Pelas 9 e meia da manhã, do dia 10 de julho de 1843, em sessão da Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia, “leo-se um officio da Secretaria do Imperio de 1º Junho acompanhado de um jogo de obras do Doutor Martius (5) sobre o Brasil, que S. M. o Imperador mandou remetter para o uso desta Eschola: a Faculdade resolvêo que se agradecesse: um officio da Commissão encarregada do festejo do dia 2 de Julho convidando a Faculdade para assistir ao Te Deum, que pretende fazer celebrar nesse dia na Igreja do Collegio; ficou inteirada. A Commissão encarregada de dar o seo parecer sobre a creação de uma Commissão annual requerida pelo Dr. Jonathas (6) para examinar e decidir das faltas dos Estudantes, está do mesmo accôrdo, podendo todavia a Faculdade modificar ou alterar as decisões por ella tomadas a tal respeito na Congregação do ultimo de Outubro. A requerimento do Dr. Rebouças (7),
a Faculdade resolvêo que fosse prohibida a sahida para fóra
da Bibliotheca da obra do Dr. Martius sobre o Brasil.” |
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Sexta-feira, 28 de julho – Na sessão da Congregação, deste dia, “leo-se um off.º do Dr. José Eustaquio Gomes, presidente da Sociedade de Medicina da Cidade do Recife de 23 de Maio do corrente anno remettendo a esta Faculdade dous exemplares dos numeros do seo periódico até hoje publicados; resolvêo-se que se agradecesse. Foi prezente a Faculdade um Titulo de Pharmacia concedido pela Câmara Municipal da Cidade de Recife a Jozé Maria Gonçalves Ramos em 25 de Outubro de 1833 a fim de ser verificado, não se tomando conhecimento delle por ter sido concedido contra a Lei da organização das Escholas Medicas, a Faculdade em virtude da resolução d’Assemblea Geral Legislativa de 4 de Julho de 1836, deliberou que o mencionado Ramos passasse a exame pela forma marcada na dita Resolução, p.ª o que marcou-se o dia pr.º d’Agosto pelas onze horas, e foram nomeados para examinadores os Drs. Gesteira (8), Almeida, e Velho (9) tirando o Examinando de vespera os respectivos pontos.” – Op. cit. nº 4 – Ibidem – pp. 197-198. | |
Terça-feira, 1º
de agosto – Sessão da Congregação: “Resolvendo
a Faculdade que se nomeasse Bibliothecario em razão do fallecimento
do Dr. Diniz, (Dr. Manoel Feliciano Ribeiro Diniz) - (10),
o Director propoz o Dr. Antonio José Ozorio (11),
e foi por ella unanimemente approvado por escrutinio secreto. Entrou isso
pr.ª discussão, e foi approvado o parecer da Commissão
sobre a creação de uma commissão annual para examinar
e decidir das faltas dos Estudantes. A Faculdade resolvêo, q.’
se observasse restrictamente a deliberação de 5 de Março
de 1842, isto he, que de ora em diante os Estudantes, que não abonarem
no principio de cada mez as faltas commetidas no anterior, perderão
esse direito. Os Drs. Cabral (12) e
Almeida paticiparão q.’ forão sorteados para servirem
na prezente sessão do Jury, que devia ter principio no dia 7 do corrente;
em consequencia forão nomeados os Drs. Pedroza (13)
e Antunes (14) para regerem as respectivas
Cadeiras.” - Op. cit. nº 4 – Ibidem - pp. 198-198-v. |
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Quinta-feira, 17 de agosto
– Hoje, pela manhã, o presidente da província da Bahia,
Joaquim José Pinheiro de Vasconcellos enviou ao diretor da Faculdade
de Medicina da Bahia, “ficando inteirado pelo Officio que. V. S.ª
me dirigio em 14 do corrente, de ter sido nomeado em o 1º do mesmo
o Dr. Antonio José Ozorio, para o lugar do Bibliothecario da Faculdade
de Medicina, que vagára por fallecimento do Dr. Manoel Feliciano
Ribeiro Diniz, sou a dizer-lhe em resposta ao seo referido Officio, que
nesta data faço a necessaria communicação á
Thesouraria .” – Referência nº 5 – Biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia – Arquivo - Memorial da Medicina Brasileira – Acesso 01.06.05.45 |
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Segunda-feira, 21de agosto
– Nesta sessão, “leo-se o expediente: em off.º
do Ministro do Imperio de 24 de Julho participando haver recebido a caixa
com as theses enviadas por esta Faculdade, e dado o competente destino;
um do Prezidente da Prov.ª communicando ficar inteirado da nomeação
do Dr. Ozorio para o lugar de Bibliothecario, tendo feito expedir a Thezour.ª
a necessaria participação com um requerimento e um requerimento
de Antonio Policarpo Araponga Matoim pedindo para passar a exame de Pharmacia,
visto achar-se pelos documentos q.’ aprezenta, nas circunstancias
da Resolução da Assemblea Geral Legislativa de 4 de Julho
de 1836 foi deferido na forma requerida. Forão prezentes a Faculdade
os Diplomas de Joaquim Lopes Lobão, Dr. em Medicina pela Universidade
de Giessen na Alemanha, e Cirurgião pelo antigo Collegio Medico-Cirurgico
do Rio de Janeiro afim de serem verificados; e que sendo visto e reconhecida
a identidade de pessoa o Director mar. (sic) o dia 23 do corrente as 9 horas
para o respectivo exame.” – Op. cit. nº 4 – Ibidem - pp. 199-199-v. |
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Quarta-feira, 23 de agosto
– Na sessão da Congregação, desta data,
“foram prezentes a Faculdade as duas historias de Medicina e Cirurgia
feitas no Hospital da Misericordia pelo Dr. Joaquim Lopes Lobão,
e sendo sobre ellas argüido pelos Drs. Gesteira, Ataliba (15),
Alencastre (16), Aranha (17),
Rebouças e Malaquias (18), e
corrido o escrutinio foi approvado = Simpliciter.” – Op. cit. nº 4 - Ibidem - pp. 199-v. |
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Sábado, 2 de setembro
– Na sessão da Congregação, hoje reunida,
“leo-se o expediente: em Avizo da Secretaria do Imperio de 14 de 7br.º
ultimo communicando ter S. M. o Imperador approvado a nomeação,
que fez a Faculdade do Dr. Antonio José Ozorio para exercer o lugar
de Biblliothecario na vaga que ficou pelo fallecimento do Dr. Diniz Ribeiro;
e um off.º do Presidente da Provincia fazendo a mesma communicação:
ficou a Faculdade inteirada. Entrando na segunda discussão, e pondo-se
a votação não passou o parecer da Commissão
sobre a creação de uma outra especial para examinar e decidir
das faltas dos Estudantes.” Dentre outros alunos que tiveram abonadas
as faltas, destaca-se, a 2 de agosto, o estudante José Affonso Paraíso
de Moura (19) e, a 9 do mesmo mês,
o estudante João José Barbosa d’Oliveira (20). – Op. cit. nº 4 – Ibidem - pp. 200-200-v. |
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Terça-feira, 11 de setembro – Lá pelas 11 horas da manhã de hoje, o diretor da Faculdade de Medicina comunicou ao presidente da província “o parecer da Commissão, que em virtude do despacho de V. Ex.ª exarado no requerimento incluso, nomeei para examinar o estado de saude do guarda policial Thomaz Jozé de Aquino.” – Op. cit. nº 5 – Ibidem | |
Segunda-feira – 25 de
setembro – Nesta data, firmado pela manhã, o presidente
da província oficiou ao diretor Paula que a ele transmitia “por
copia para conhecimento da Faculdade de Medicina, o Aviso do Ministerio
do Imperio, datado de 14 do corrente, pelo qual me he communicado, que S.
M. O I Houve por bem Approvar a Nomeação, que a mesma Faculdade
fisera ao Dr. Antonio José Ozorio, para ser Bibliothecario; e que
o agraciado deve solicitar a authorisação a que se refere
o mesmo Aviso, para lhe poder ser abonado o seo respectivo vencimento.”
– Op. cit. nº 5 – Ibidem |
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Segunda-feira, 9 de outubro
- Nesta sessão da Congregação, hoje reunida, “a
requerimento do Servente da Bibliotheca a Faculdade elevou a 500 rs. a
diaria que elle percebe nos dias uteis; e passando-se a nomear o Jury
que tem de julgar o Concurso ao lugar de Substituto da secção
chirurgica forão eleitos por escrutínio secreto os Drs.
Paula, Antunes, Jonathas, Alencastre, Gesteira, Aranha, Almd.ª, Cabral,
França (21), Magalhaens (22),
Rebouças, e para Suplentes tirada a sorte em pr.º lugar o
Dr. Pedroza, em 2º o Dr. Malaquias, em 3º o Dr. Velho, em 4º
o Dr. Queiroz (23) e em 5º o
Dr. Ataliba. Tratando finalmente a Faculdade sobre o exame pratico do
referido Concurso, resolveo-se que fosse feito em Anatomia, Operaçoens,
Partos e Clinica Chirurgica tirando cada um dos Candidatos um ponto differente
sobre cada uma das treze primeiras cadeiras; e a respeito dos exames de
Clinica este se regulasse pela forma já praticada no Concurso p.ª
o lugar de Substituto da secção medica não excedendo
cada exame ou prova de meia hora para argumentação de cada
Candidato aos seos Oppositores.” |
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Quinta-feira, 12 de outubro
– Na sessão da Congregação, reunida hoje, “leo-se
um requerimento dos Drs. Antunes, José Ozorio, Mathias Moreira Sampaio
(24) e José de Góes Serqueira
(25) Candidatos ao Concurso ao lugar
de Substituto da secção chirurgica, pedindo á Faculdade
houvesse de revogar a resolução tomada a 9 do corrente sobre
a prova pratica, mandando observar o que se praticou em caso idêntico
com o Dr. Elias José Pedroza, visto q.’ uma tal deliberação
foi tomada depois do encerramento do mesmo Concurso, devendo alias ser promulgada
no dia de sua insttalação para inteiro conhecimento dos Concurrentes;
á vista do que a Faculdade deliberou, que a prova pratica fosse feita
pela forma acima pedida, podendo, podendo sim cada Juiz lançar na
Urna um ponto sobre qualquer ramo pratico da secção cirúrgica,
que deverá ser feito, digo, ser differente para cada Candidato; assim
como que cada um delles terá somente um quarto de hora para preparar
2, e meia hora quando muito para arguir aos seos adversários, devendo
outro sim, se algum ponto tirado for de clinica cirurgica, observa o que
se praticaou no Concurso de Substituto da secção cirurgica,
digo, medica. O Dr. Malaquias apprezentando por esta occasião uma
proposta para regular as provas praticas de taes concursos, foi a uma Commissão
dos Drs. Eduardo (cf. nota nº 21),
Aranha e Antunes para dar parecer a respeito." – Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 201-v-202. |
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Terça-feira, 17 de
outubro – Na sessão desta manhã, “o
diretor aprezentou os Diplomas do Dr. em Medicina e Cirurgia, e de Pharmacia
de Roberto Arbuckle, que pede a Faculdade para os verificar na forma de
lei; á vista do que forão marcados o dia 20 para o exame
de Pharmacia sendo Examinadores os Drs Eduardo, Malaquias, Queiroz, Velho
e Pedroza; e o dia 21 para o exame de chimica medica e cirúrgica
sendo Examinadores os Drs. Cabral, Antunes, Aranha e Malaquias.” |
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Terça-feira, 31 de outubro
- Reunida hoje a Congregação, “leo-se um officio
do Ministro do Imperio de 12 do corrente communicando ficar S. M. O Imperador
inteirado de ter sido parte em Concurso o lugar de Substituto da secção
chirurgica. Habilitarão-se para os exames 130 estudantes, e quatro
perderão o anno por faltas que derão, sendo um delles do primeiro
anno, dous do segundo, e um do terceiro. Não havendo resolução
alguma sobre a forma dos exames das Parteiras, depois de terem concluido
o curso, a Faculdade deliberou, que ellas passassem por dois exames, um
theorico, e outro pratico, tendo 24 horas para estudar o ponto theorico,
q.’ versará somente sobre partos, sendo arguidas por cinco
lentes, e findo este tirarão logo um ponto para o exame pratico,
tendo apenas um quarto d’hora para preparar-se. As propostas do Dr.Eduardo,
= q.’ para o futuro nenhum estudante podesse sustentar a sua these
no anno, em que freqüentasse o 6º anno; e a do Dr. Aranha, q.’
nenhuma these podesse ser impressa senão depois de revista, não
podendo a revisão ter lugar senão depois de approvado o Estudante
em todas as matérias do 6º anno, forão a uma Commissão
dos Drs. Magalhaens, Aranha, e Queiroz para darem parecer a respeito. Por
proposta do Dr. Antunes a Faculdade resolvêo, que de hora em diante
os Estudantes q.’ houverem de matricular-se no pr.º anno, sejão
examinados em cada um dos preparatorios por 3 Professores publicos sob a
prezid.ª de um Lente da Faculdade sem voto, marcando-se dias distintos
para cada um preparatorio; e logo o Director nomeou o Dr. Ataliba para prezidir
os exames de Latim no anno vindouro, o Dr. Jonathas os de Francez e Inglez;
o Dr. Aranha os de Logica; e o Dr. Magalhaens os de Arithmetica e Geometria”. – Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 203-203-v. |
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Terça-feira, 7 de novembro
– Hoje, reunida a Congregação, “leo-se um off.º
do Prezidente da Provincia de 6 do corrente acompanhada da Resolução
d’Assemblea Geral Legislativa de 30 de Setembro, que ordena que sejão
izemptos de fazer exame das materias preparatorias para serem admittidos
a matricula em qual quer das Academias do Imperio os Bachareis em Letras
pelo Collegio de Pedro Segundo, logo que aprezentem seos Diplomas; assim
como que o exame dos preparatorios feito em alguma das Academias do Imperio
seja valido em todas; ficou a Faculdade inteirada. Requerendo José
Joaquim de Morais Sacramento verificar o seo Diploma de Dr. em Medicina
pela Academia de Pariz na forma da Lei; marcou o Director o dia 9 pelas
9 horas da manhã para o respectivo exame, nomeando para Examinadores
os Drs. Antunes, Cabral, Aranha, Ataliba, Jonathas, Eduardo, e Malaquias.” – Op. cit. nº 4 - Ibidem – pp. 204-204-v. |
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18 de novembro –
Neste dia, o farmacêutico Manoel Rodrigues da Silva (26)
emite, lá pelas 10 horas da manhã, o seguinte atestado: “Attesto,
com juramento sendo necessario, que o Snr. Belchior de Souza e Silva assistio
ao Exercicio pharmaceutico pratico em minha Botica, durante os trez annos
q.’ nella esteve sob minha direcção; e mesmo preparou
muitos medicamentos com acerto. E por me ser este pedido, a grafia de m.ª
letra, efirma.”
O dito atestado é remetido ao diretor Paula, tendo incluso a petição do interessado, Belchior de Souza e Silva, exarado nos seguintes termos: “Diz Belchior de Souza Silva, que tendo feito exame de Chimica, e materia medica , faltando-lhe para finalizar o seu curço (sic) Pharmaceutico, o exame pratico, P. a V. S. se sirva marcar um dia p.ª o d.º exame – ERM”. O vice-diretor Abbott, na segunda-feira, 20 de novembro, marca o dia
23 do corrente, e indica para examinadores os Drs. Velho, França,
Malaquias, Antunes, Magalhaens, Gesteira e Aranha. |
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Quarta-feira, 22 de novembro
– O acadêmico Severiano de Araújo Matto-Grosso, obrigado
pelo Art. 26 dos estatutos da Faculdade de Medicina da Bahia a apresentar,
com os demais aspirantes a título de doutor em Medicina, apresenta
e defende em público uma tese, escrita em idioma nacional. A sua
dissertação, também denominada de “Tese de doutoramento”,
“Tributo acadêmico”, “Dissertação
inaugural”, tem o título de “Dissertação
sobre a atmosphera, e sua influencia sobre a economia animal” –
“Cadeiras de Physica e Hygiene” – “Bahia –
Typ. Galdino José Bezerra – 1343” – “App.
Pl. – P. Abbott, Cabral, Magalhaens, Ed. Ferreira, Alencastre, Souza
Velho”. – Referência nº 6 – Biblioteca da Faculdade de Medicina da Bahia – Arquivo - Memorial da Medicina Brasileira – “Livro de Theses”, a partir de 1836 – 1º volume – nº de ordem: 48. |
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Segunda-feira, 27 de novembro
– Dissertação inaugural de João José Damasio
– “Proposição sobre Sciencias Medicas” –
“Cadeira de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ.
José C. Villaça – 1843” – “App. Pl.
– P. Aranha, Magalhaens, Ed. França.” – Op. cit. nº 6 – Ibidem - nº de ordem: 49. |
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Segunda-feira, 27 de novembro
– Tese sustentada por João de Carvalho Borges –
“Proposição sobre parto” – “Cadeira
de Obstetricia” – “Bahia – Typ. José C. Villaça”
– 1843”. – “ App. Pl. – P. Gesteira, Cabral,
Aranha, S. Velho, Elias, Malaquias.” – Op. cit. nº 6 – Ibidem - nº de ordem: 50. |
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Sexta-feira, 1º de dezembro
– Tese inaugural sustentada por Thomas Diogo Leopoldo Castanheira
– “De Scientiis Medicis nonnullae propositione” –
“Obs. De philosophia philosophica – De Chimica Allae –
Hypp. aphorismi” – “Cadeira de Pathologia Geral”
– “Bahia – Typ. J. A Villaça – 1843”
– “App, Pl. P. Paula Araujo Almeida, Aranha. Ed. França,
Azevedo, Chaves, Malaquias.” – Op. cit. nº 6 - Ibidem - nº de ordem: 51. |
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Sexta-feira, 1º de dezembro
– Na sessão da Congregação de hoje, “foi
prezente a Faculdade um requerimento do Dr. José de Goes Sequeira.
um dos Oppositores ao Concurso do lugar vago de Substituto de sessão
cirúrgica, reprezentando, para que a proposta dirigida ao governo
de S. M. o Imperador comprehendesse todos os trez Candidatos, visto que
elle mereceo a mencionada, que os ouros; e foi indeferida. primeiro, por
q.’ a isso oppunha-se a clara e terminante disposição
da Lei; e occorrendo por q.’ o Supplicante longe de ter merecido,
como erradamente alega a mesma nota, que obteve o Candidato escolhido, não
por julgar habil para o lugar do Concurso por nove votos contra dous. Forão
prezentes a Faculdade as copias das actas do Concurso.” - Op. cit. nº 4 – Ibidem – pp. 204-v – 205. |
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Segunda-feira, 4 de dezembro
– Hoje, pelas 9 da manhã, João Antunes da Luz defendeu
a tese “Proposições sobre Sciencias medicas” –
“Cadeira de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ.
Epifanio J. Pedrosa – 1843” – “App. Pl. P. Abbott,
Magalhaens, Alencastre, Gesteira, Malaquias, Ed. França.” - Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 52. |
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Quinta-feira, 7 de dezembro
– Pelas 10 horas da manhã de hoje, Joaquim Antonio da Rocha,
sustenta a dissertação inaugural “Educação
physica e moral” – “Cadeira de Hygiene” –
“Bahia – Typ.” – Observação: o amanuense
da Faculdade de Medicina da Bahia não lavrou no respectivo livro
de teses o nome da tipografia que imprimiu a sobredita tese – Não
teria sido impressa?” – “App. Pl. P. Ed. França,
Cabral, Ataliba, Abbott, Gesteira, Malaquias”. - Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 53. |
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Sábado, 9 de dezembro
– Na manhã de hoje, lá pelas 9 horas, Manoel Genesio
de Oliveira sustenta a tese - ... ... ... Observação: Não
existe no respectivo livro de atas nenhum registro sobre o título
da tese, cadeira e tipografia. Apenas está exarado: “App. Pl.
P. Magalhaens, Gesteira, Aranha, Ed. França, Malaquias.” - Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 54. |
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Segunda-feira, 11 de dezembro
– João José Barbosa de Oliveira (cf. nota 20)
sustenta, nesta manhã, tese de doutoramento intitulada “As
prisões do Paiz e systema penitencial ou hygiene penal.” –
“Cadeira de Hygiene” – “Bahia – Typ. L. A.
Portella – 1843” – “App. Pl. P. Ed. França,
Abbott” – “Theses sobre toda a cadeira – Hypp. Aphorismi
– Magalhaens, Chaves, Malaquias e Francisco de Paula e Almeida.” - Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 55. |
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Terça-feira, 12 de dezembro
– Na manhã de hoje, Juvencio Cardoso da Cunha defendeu a dissertação
inaugural “Proposições medicas” – “Cadeira
de Pathologia Geral” – “Bahia – Typ. do Correio
Mercantil – 1843” – “App. Pl. P. Abbott, Cabral,
S. Velho, Malaquias, Ed. França.” - Op. cit. nº 6 – Ibidem – nº de ordem: 56. |
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Quarta-feira – 13 de
dezembro – Reunida a Congregação na manhã
de hoje, “leo-se o expediente: um off.º do Prezidente da Prov.ª
de 15 de Novembro participando ter concluido mais um anno de licença
ao Dr. João Baptista dos Anjos; ficou a Faculdade inteirada: um requerimento
do Estudante do 6º anno Luiz Gonzaga Mor.ª, que tendo sido reprovado
no exame de Chimica pedia a Faculdade lhe houvesse de merecer um prazo limitado
para passar a novo exame e teve por diferimento q.,’ o não
poderia fazer sem que de novo freqüentasse as Clinicas Por espaço
de um anno. Obtiverão louvor nos exames do 2º anno medico Cypriano
Barbosa Betamio; e do 4º os Estudantes Francisco Bonifacio d’Abreo,
e Antonio Luiz Freire de Carvalho. A Faculdade nomeou os Professores, que
hão-de servir de Examinadores nos exames dos preparatórios
no anno proximo vindouro.” - Op. cit. nº 4 – Ibidem – p. 206. |
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Quinta-feira, 28 de Dezembro
– Nesta manhã, o presidente da província da Bahia, Joaquim
José Pinheiro de Vasconcellos envia ao diretor Paula ofício
informando que “Sendo-me remettido pelo Excellentissimo Presidente
da Prov.ª do Maranhão o incluso exemplar do opusculo publicado
pelo Dr. P. Saulmir sobre a scarlatina, offereço á V. S.ª
o dito opusculo, afim de o apresentar á Faculdade de Medicina, e
ser por ella tomado n’aquele apreço, q.’ merecer.”
- Op. cit. nº 5 – Ibidem |
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NOTAS | |
Advertência:
as notas referentes aos lentes Francisco de Paula Araújo e Almeida
(1), Jonathas Abbott (6), Francisco
Marcellino Gesteira (8), Joaquim de Souza Velho (9)
e Manoel Ladislau Aranha Dantas (17) já foram
apresentadas nas pesquisas referentes ao ano de 1843 – Parte
I.
(2)
Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos. 13 º presidente da província
da Bahia – De 26 de junho de 1841 a 12 de agosto de 1844. (3) Prudêncio José de
Souza Britto Cotegipe. Secretário da Faculdade de Medicina da Bahia,
médico, bacharelou-se em medicina pela Universidade de Coimbra
em 1827. (4) P. João Pereira. Reitor
do Real Colégio da Bahia em 1675. “Da cidade da Baía,
onde nasceu em 1614. Foi Vice-Reitor de Pernambuco e professor notável
de Filosofia e Teologia, e censor de livros, entre os quais o III Tomo
dos Sermões de Vieira (censura favorável de 20 de Julho
de 1682). Em 1662 tinha ido à Ilha de S. Miguel, Açores,
a um morgado. Daí passou ao Reino donde voltou ao Brasil em 1663.
Faleceu na Baía, a 23 de Maio de 1691”. (5) Carl Friederich Phillipp von Martius.
Nasceu a 17 de abril de 1794, em Erlangen, Norte da Baviera e faleceu
a 13 de dezembro de 1868, em Munique. Viajou demoradamente pelo Brasil
durante os anos de 1817 e 1820. Insigne botânico, escreveu com Johann
Baptist von Spix, sábio em zoologia, a portentosa obra Reise in
Brasilien. (7) Manoel Mauricio Rebouças.
(1800-1866) - Natural da Bahia (Maragojipe). Graduou-se em Medicina pela
Faculdade de Paris, em 1831. Nessa mesma cidade, formou-se em Bacharel
em Ciências e Letras. Lente, por concurso, de Botânica Médica
e Zoologia (1833 a 1861). Conselheiro do Imperador. Cavaleiro da Ordem
do Cruzeiro. Tese de Paris, 1831: Dissertation sur les inhumations en
général. (10) Manoel Feliciano Ribeiro Diniz.
Falecido em 1843, natural da Bahia e graduado na Faculdade de Medicina
de Montpellier em 1841. Tese: “De l’érudition en general
et de l’érudition médicale em particulier, considérées
comme compléments à l’étude et à la
pratique de médecine”, Montpellier, J. Martel aîné,
1841. (11) Antonio José Ozorio.
(1816-1868) – Natural da cidade da Bahia. Graduou-se em Medicina,
em 1839, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Lente substituto, por concurso,
da Seção de Ciências Médicas (1846); Lente
de Farmácia, 1855 a 1868. Bibliotecário da Faculdade. Tese
inaugural: Considerações médicas sobre a utilidade
do casamento. Bahia, 1839. (12) Antonio Policarpo Cabral. (1789-1865)
– Diplomado em Medicina pela Universidade de Coimbra. Lente de Química
Medica e Princípios Elementares de Mineralogia (1833); Transferido
para a cadeira de Clinica Interna (1833-1864); Lente jubilado (1864). (13) Elias Jozé Pedroza. (1808-1887)
– Natural da ilha de Itaparica, Bahia. Graduou-se em Medicina, em
1837; Cirurgião aprovado pelo Colégio Médico-Cirúrgico,
em 1828; Cirurgião formado, em 1829, pelo mesmo Colégio.
Do Conselho do Imperador; Cavaleiro da Ordem de Cristo; Membro da Sociedade
Politécnica de Paris; Cirurgião-Mor da Guarda Policial.
Tese de doutoramento: Sobre as feridas por mordeduras de animais danados.
Bahia, 1837. Memória Histórica da Faculdade de Medicina
da Bahia relativa ao ano de 1871. (Publicada na Gazeta Médica da
Bahia). (14) João Antunes de Azevedo
Chaves. (1805-1873) – Natural da cidade da Bahia. Lente de Clínica
Externa (1833-1861); já era substituto do Colégio Médico-Cirúrgico
(1829). Membro do Conselho de Instrução Pública da
Bahia. Cavaleiro da Ordem de Cristo. Do Conselho do Imperador. Vereador
da Câmara Municipal do Salvador. Deputado provincial em várias
legislaturas. Professor público de Retórica (1827-1832).
Escreveu “Memória dos acontecimentos notáveis do ano
de 1856, apresentada para servir de crônica à Faculdade de
Medicina da Bahia, em 2 de março de 1857, em cumprimento do art.
197 dos Estatutos. Bahia, 1857”. (15) – José Vieira de
Faria Aragão Ataliba. (1804-1853) – Natural da cidade da
Bahia. Graduou-se em Medicina e Cirurgia pela Universidade de Coimbra,
em 1827. Lente da Cadeira de Química Médica e Princípios
Elementares de Mineralogia (1833); Transferido para a de Patologia Interna,
vaga em virtude da jubilação do Prof. Antonio Ferreira França
em 1837 - (1838-1853). (16) João Jacinto de Alencastre.
(1802-1868) – Lente substituto. Lente proprietário de Anatomia
Topográfica, Medicina Operatória e Aparelhos (1840 a 1861).
Foi substituído por Jose Antonio de Freitas. (18) Malaquias Álvares dos
Santos. (1810- 1856) – Natural da ilha de Itaparica, Bahia. Colou
o grau de doutor em Medicina, em 1839, pela Faculdade de Medicina da Bahia.
Lente substituto da Seção de Ciências Acessórias,
por concurso (1841); Lente proprietário de Medicina Legal (Reforma
das faculdades de Medicina, 1855-1856). Cavaleiro da Ordem de Cristo. (19) José Affonso Paraíso
de Moura. (1821-1898) – Natural da cidade da Bahia. Colou o grau
de doutor em Medicina, em 1844. Opositor, por concurso, da Seção
de Ciências Cirúrgicas (1856); Lente, por concurso, de Clínica
Externa (1871); Professor jubilado (1890). (20) João José Barbosa
de Oliveira. Pai de Ruy Barbosa, doutorou-se em medicina no ano de 1844,
pela Faculdade de Medicina da Bahia, todavia era vocacionado para a carreira
de advogado, apresentando dom para a oratória, recitando, em 1844,
discurso necrológico nas exéquias do diretor da Faculdade
de Medicina da Bahia, Dr. Francisco de Paula Araújo e Almeida.
Inscreveu-se no concurso para Lente substituto da Seção
Médica na Faculdade de Medicina, não logrando aprovação.
Lançou-se na política, filiando-se ao Partido Liberal, em
1848, elegendo-se Deputado à Assembléia Provincial. Não
consegue reeleger-se deputado, mas tornara-se redator do jornal liberal
O Século. No ano de 1854, candidata-se a uma nomeação
para um lugar de professor na Faculdade de Medicina da Bahia e é
preterido. Nos sucessos da epidemia de célera morbo, em 1855, é
nomeado diretor de um posto sanitário. É um dos fundadores
do Instituto do Histórico da Bahia. Em 1857, toma posse do cargo
de Diretor Geral do Ensino Provincial até agosto de 1868. Dissolvida
a Câmara em 1863, elegeu-se deputado à Assembléia
Geral do Império e foi morar no Rio de Janeiro até 1868,
quando perdeu definitivamente o mandato, retornando à Bahia. Assoberbado
de dívidas e sem a ajuda da esposa que falecera no ano anterior,
tenta gerir uma olaria. (21) Eduardo Ferreira França.
(1809-1857) – Natural da cidade da Bahia, colou o grau de doutor
em Medicina pela Faculdade de Paris, em 1834; Lente substituto da Seção
de Ciências Acessórias (1835); Lente, por concurso, de Química
Médica e Princípios Elementares de Mineralogia (1839-1857);
Deputado à Assembléia Geral (1848 a 1851) e reeleito para
a seguinte legislatura, não tendo tomado posse por se achar enfermo.
Faleceu em viagem para a Europa; seu corpo foi lançado ao Atlântico.
Era filho do insigne Prof. Antonio Ferreira França, da Faculdade
de Medicina da Bahia, e irmão do Prof. Antonio Ferreira França,
da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. (22) Vicente Ferreira de Magalhães.
(1799-1876) – Natural da cidade da Bahia. Aprovado em Cirurgia,
em 1828 e de Cirurgião formado, em 1829, pelo Colégio Médico-Cirúrgico
da Bahia. Diplomado em Medicina pela Universidade de Coimbra. (23) Alexandre José de Queiroz.
(1813-1883) – Cirurgião aprovado, em 1836, pela Faculdade
de Medicina da Bahia. Diplomado pela Universidade de Pisa, em 1840. Substituto
da Seção de Ciências Médicas (1841); Lente
de Patologia Interna (1853). Sucedeu a José Vieira de Faria Aragão
Ataliba (1853) e foi sucedido por Demétrio Ciríaco Tourinho
(1871). (24) Mathias Moreira Sampaio. (1813-1875)
– Natural da cidade da Bahia. Colou o grau de doutor em Medicina,
em 1838, pela Faculdade de Medicina da Bahia. Substituto da Seção
de Ciências Cirúrgicas (1844); Lente da cadeira de Partos.
Moléstias de Mulheres Pejadas e de Recém-nascidos (1855).
Foi substituído, na cátedra, pelo Lente de Obstetrícia,
Cons. Adriano Alves de Lima Gordilho, Barão de Itapuã (1872).
Do Conselho do Imperador. Tese de doutoramento: Sobre as feridas por arma
de fogo. Bahia, 1838. Memória Histórica da Faculdade de
Medicina da Bahia relativa ao ano de 1867. Apresentada à Faculdade
de Medicina em 1868. (25) José de Góes Siqueira.
(1816-1874) – Natural de Santo Amaro da Purificação,
Bahia. Colou o grau de doutor em Medicina, em 1840, pela Faculdade de
Medicina da Bahia. Concorrente ao lugar de substituto da Seção
Cirúrgica, não tendo sido o escolhido (1843); Nomeado Lente
de Patologia Geral (1855), cadeira instituída pela reforma do Ensino
de 1854. (26) Farmacêutico Manoel Rodrigues
Silva. Em 1836, a Faculdade de Medicina da Bahia instalou o Laboratório
de Química, adquirido de Manoel Rodrigues Silva pela quantia de
1:825$310. O sobredito farmacêutico estudou Química em Paris
e conseguiu ser nomeado preparador do mesmo Laboratório. |
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