HISTÓRIA DA MEDICINA artigo 57

O falecimento do Professor Doutor Raymundo Nina Rodrigues,
em Paris, a 17 de Julho de 1906
e a narrativa da chegada
do cadáver ao porto desta capital, no dia 10 de agosto do mesmo ano.
A exposição minudenciosa das exéquias do célebre cientista brasileiro.

Dr. Antonio Carlos Nogueira Britto
Vice-presidente do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins.
Fundado em 29 de novembro de 1946
Parte IV

Chegando ao Largo de S. Bento, cerca de 6 horas da tarde, lentes e alunos da Faculdade de Medicina retiraram o esquife do coche e o conduziram para a igreja abacial de S. Bento, de conspícua arquitetura e severa beleza beatífica. Do alto das portas principais pendiam cortinas de casimira preta, presas por sanefas de veludo negro, franjado de prata. Escudos com dizeres apropriados completavam os ornatos das portas.

Das tribunas desciam reposteiros e sanefas iguais as sobreditas. Os púlpitos forrados de casimira e veludo preto ostentavam escudos com inscrições. A galeria destinada ao coro também se achava cerrada de severo luto.

No centro da igreja, desde a entrada até o altar-mor, erguia-se uma modesta essa de 8 metros de altura, estilo renascença, coifada pela magnificente cúpula da igreja abacial O catafalco era trabalho do Mosteiro de São Sebastião da Bahia, o Mosteiro de S. Bento, dividida em 3 partes, terminando por uma abóbada sustentada por quatro colunatas quadrangulares, sobre a qual se destacava uma bela cruz, contornado a essa que era, internamente, iluminada à luz elétrica, 2 turíbulos de prata, tocheiros e vasos com flores e crótons.

Belos escudos, com inscrições, postos em ordem com simetria pelas paredes, completavam a decoração da igreja.

No amplo portal da grandiosa igreja abacial, no alto da escadaria, foi recebido o cadáver do Dr. Nina Rodrigues por dois monges beneditinos, D. Ambrosio, que pronunciou as primeiras orações fúnebres, acolitado pelo sacristão-mor, D. Agostinho e por mais três monges auxiliares, sendo em seguida conduzido para o interior do templo e colocado na essa, junto da qual ficou velando a 1.ª turma de acadêmicos.

No cenotáfio destacavam-se os seguintes dizeres: “Aos teus esforços e ás suas conquistas”. – A tua Pátria de lucto chora !”

Sobre uma urna de madeira, colocada no interior do segundo corpo da essa, estavam nas laterais os seguintes dizeres: “Requiescat in pace” – “Ad lux perpetua lux Dei.”

A comissão organizadora das solenes exéquias, na quinta-feira, 9 de agosto, decidiu que o corpo do consagrado professor será velado no Mosteiro de S. Bento por comissões de acadêmicos que se substituirão de hora em hora, desde a chegada do cortejo fúnebre até ao dia seguinte, após três missas solenes, que serão celebradas às 9 horas da manhã, às quais assistirão a mocidade acadêmica e as congregações das três escolas superiores. Para assistirem a essas missas a mocidade convidou todas as classes sociais.

Após as exéquias celebradas na igreja abacial de S Bento transportar-se-á o corpo, em coche mortuário de 1.ª classe, para o cemitério do Campo Santo, onde será inumado.

Na dita necrópole, nessa ocasião, recitará um discurso encomiástico, em nome do corpo discente das Academias, o bacharelando de Direito Aydano Sampaio.

Estavam assim constituídas as turmas de acadêmicos que iriam velar o corpo do Dr. Nina Rodrigues:

1.ª Turma
Januario Cicco, José Cezario da Rocha, Augusto Barros Lins e Silva, João da Costa Maia, Pedro da Silva C. de Oliveira, Pedro Americo de Britto, Manoel da Silva Prado Filho, Roque Degrazia, Crescencio Antonio da Silveira, Pedro Seixas Macedo Aguiar e Arthur Magalhaes.

2.ª Turma
Luiz de França Loureiro, Horacio Martins, Ernesto Emilio da Fonseca, Raul Mendes Brandão, Luiz de Lima Galvão, Antonio Firmo da Costa Filho, Joaquim Vieira Braga, João de M. Vieira da Cunha, Luiz de Lima Bittencourt, Raul Pedreira, Armando Barbuda e Francisco Sodré.

3.ª Turma
Manoel Portugal Ramalho, José Accioly Peixoto, Zeferino Alves do Amaral, Enjolras Vampré, Cicero de Paula M. Mattos, Carlos Coelho da Rocha, Arthur Osorio de A, Pinto, Oswaldo Xavier C. de Albuquerque, Julio Antonio de M. Silva, Otto Brandão, Raul Boccanera e Arsenio Moreira Filho.

4.ª Turma
Eduardo Mendes Velloso, Januario Cyrillo da C. Netto, Antonio Ignacio de Menezes, Cicero Borges de Moraes, José Dias de Moraes, Julio Mario de C. Pinto, Gilberto Fraga Rocha, Hisbello de Andrade Lima, Alexandre dos Santos S. Junior, Manoel Tavares, Erico Guimarães, Camillo Monteiro e Manoel de Azevedo Gordilho.

5.ª Turma
Arthur de Assis Curvello, Belmiro de Lima Valverde, Luiz Costa, Crasso Ferreira Barbosa, Fernando José de S. Paulo, Angelo Lima Godinho Santos, Antonio Porto de Oliveira. Macedo Guimarães, Salustiano Prata e José Guimarães e Souza.

6.ª Turma
Francisco Joaquim da R. Filho, Eduardo Alves Dias, Aurelio Domingues de Souza, Flavio Ribeiro Coutinho, Manoel Velloso Borges, Osorio de Medeiros Paes, Durval Queiroz de Miranda, João Adolpho G, de Amaral, Izidro Teixeira de Vasconcellos, José de Almeida, Manuel Vaz e Luiz de Sá Adami.

7.ª Turma
Fernando Costa, Leovigildo Gonçalves de Carvalho, Pedro Ferreira Lins, Joaquim Gomes C. de Oliveira, Cezar Ribeiro Soares, Miguel Carneiro R. Nogueira, Octavio Prisco de Almeida, Maneoel Pires Missel, Bento José Labre, José Claudino, João Ribeiro e Amelio Moraes.

8.ª Turma
Eduardo Alves Dias, Rodopiano Neves da Silva, Egas Carlos Duarte, Arthur de Mello Machado, Fernando Salazar, Antonio Mendes da Silva, Alarico Nunes Pacheco, Francisco Victorino da Assumpção, Antonio Ignacio Bom de Carvalho, Antero Santos, Landulpho Meirelles e Lourenço da Rocha Thary.

9.ª Turma
João Ribeiro Vargens, Alfredo de Assis Gonçalves, Julio Clementino Palma, Francisco de Castro da S. Fradi, José Tito Cordeiro Wanderley, Genesio Euvaldo de M. Rêgo, Odilon da Cunha Gaspar, Myron de Moura Pedreira, José Menescal do Monte, Eduardo Lopes, Oscar Cunha e Luiz Lima Pereira.

10.ª Turma
Mario Saraiva, Eduardo Leite Leal Pereira, Aristides Novis, Fabio Cleto David, Durvaltercio B. de Aguiar, Manoel Celso Tourinho, Boaventura de Almeida Dias, Otto Rodrigues Pimenta, Manfredo Mutti, Descarte Drumond, Faria Motta e Tertuliano Fonseca Lessa.

11.ª Turma
José Cesario da Rocha, Antonio Barbosa Gomes, Pedro Henrique P. Reis, Dionysio da Silva L. Pereira, Edgard de Sá Cardoso, Durval Pres de Oliveira, Oswaldo Duarte Ferreira, Paulo Elisio Pinto Ramos, Carlos Gomes de Souza, Oscar Tantú Clovis Spinola e Milton de Oliveira.

12.ª Turma
Armando A. Vaz e Silva, Antonio A. Queiroz de Andrade. Manoel Gonsalves T. Filho, João Ferreira da S. Machado, Aureliano Amazonas Ribeiro, João Manoel Dias, Antonio Luiz de Arêa Leão, Antonio Velloso Dantas, Americo de Oliveira Sampaio, Assis Barros, Demetrio Tourinho e Silveira e Souza.

13.ª Turma
Ezequiel Antonio de Oliveira, Antonio Fernandes de C. Braga, Ubaldo da Costa Drumond, Jefferson Firmino Ribeiro, João Eulalio da Fonseca, Carlos Theodoro Sampaio, Francisco Fernandes Dantas, Archimedes Accioly de G. Lins, Valdemiro Augusto D. Lefundes, Godofredo Burgos, Marques dos Reis e Bertino Barbosa de Lima.

14. Turma
João Américo dos S. Gouveia, José Ribeiro Frota, Joaquim Gentil F. da Rocha, José Olympio da Silva, Epaminondas de O. Martins, Francisco Octaviano F. Lopes, Antonio Alberto, João Tavares de M. Cavalcante, Antonio Sobral Netto, Campos França, Faria Netto e Antonio Maria de Araujo.

15.ª Turma
Francisco Rodrigues do Lago, Berillo Vieira Leite, Terentillo de Britto, Aurelio Valdemiro Pinheiro, Hildebrando de Freitas Jatobá, Pedro de Castro Valente, João Braulino de Carvalho, Julio Alves de Carvalho, Eutychio Leal, Affonso Camellier e Guilherme Andrade.

16.ª Turma
João Alves da S. Paranhos, Luiz Soares de Oliveira, Agrippino Barbosa, Julio Clementino Palma, José Mendes Muniz da Gama, Hebreliano M. de Wanderley, Luiz de Oliveira Almeida, Luiz Antonio de Aguiar, Aristides Pereira Maltez, Americo da Silva e Coelho Borges.

A comissão das Academias pediu a todos os seus colegas consignados nas turmas que não faltassem ao desempenho da sua missão, e enfatizou que cada turma comparecesse à igreja abacial uma hora antes da que tiver de fazer guarda. Cada turma fará a vigília fúnebre durante 1 hora.

 
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