Os diferentes contextos e circunstâncias em que estão inseridos
os usuários de drogas são traduzidos na diversidade de hábitos,
perfis e necessidades de cada segmento desta população.
A extrema exclusão social, o crescimento do consumo de crack, as
tensões internas relacionadas à demarcação
de territórios e aspectos do universo simbólico dos usuários
abordados pelo Programa Redução de Danos- PRD, apontaram
para a necessidade de uma atuação alternativa, criativa
e eficaz, capaz de viabilizar espaços, acontecimentos e articulações
significativas que possibilitem dar respostas às diversas demandas
de saúde, observadas na abordagem face-a-face do trabalho de campo
realizada pelos Redutores de Danos. 
Neste cenário, o Projeto Pontos Móveis de Prevenção
- CETAD/UFBA, implantado em 1999, representa uma alternativa relevante
para o desenvolvimento das ações de redução
de danos, sobretudo, entre os segmentos mais excluídos e vulneráveis
da população usuária de drogas, com ênfase
nas mulheres usuárias de crack e parceiras de usuários.
O enfoque da intervenção, baseado no universo e características
do público a quem se destina a ação, busca criar
espaços a partir dos quais os usuários possam, eles próprios,
irem construindo seus caminhos e possibilidades de se posicionarem diante
dos riscos de infecção pelo HIV e outros agravos de transmissão
sexual e sangüínea. Atuando em cinco localidades, a equipe
realiza visitas semanais a cada uma das áreas, em dias e horários
estudados e acordados previamente com a população local.
O projeto é operado por uma equipe multiprofissional, formada por
médico, sociólogo, redutores de danos e acadêmicos
de diversas áreas, apresentando diversas interfaces interdisciplinares
e institucionais que viabilizam o atendimento aos usuários em uma
perspectiva mais integrada, permitindo responder também a outras
demandas de saúde, além daquelas relacionadas diretamente
ao consumo de substâncias psicoativas.
::. OBJETIVO GERAL
Prevenir a infecção pelo HIV, hepatites e outras DST com
vistas à promoção da saúde reprodutiva entre
usuários de drogas e suas parceiras sexuais, com ênfase para
as mulheres usuárias de crack, vivendo em comunidades pauperizadas
da cidade de Salvador.
::. ESTRATÉGIAS
- Treinamento e atuação de usuários
de drogas e lideranças comunitárias locais, como multiplicadores
das ações de prevenção;

- Atendimento individual, visando aconselhamento pedagógico
na área de drogas, aids e saúde reprodutiva;
- Educação em Saúde, individuais e coletivas
enfatizando riscos e cuidados com a saúde;
- Disponibilização de material informativo e preventivo;
- Incentivo e orientação quanto ao uso correto e constante
do preservativo;
- Identificação e referenciamento das demandas de
saúde para rede publica;
- Implantação de Pontos Fixos de Prevenção,
articulados com Associações de Moradores, Serviços
de Saúde e outros equipamentos sociais;
- Incentivo às ações de desenvolvimento comunitário,
através da realização de oficinas de criação;
- Monitoramento e avaliação dos resultados.
::. RESULTADOS
- Ampliação do nível de informação,
sobre riscos e cuidados com a saúde, da população
acessada;
- Ampliação da demanda para serviços de saúde
e aquisição do preservativo;
- Instrumentalização da população usuária
para práticas sexuais e uso de drogas menos arriscados;
- Participação efetiva da população
alvo nas ações de desenvolvimento comunitário;
- Ampliação do debate sobre o consumo de drogas do
ponto de vista da saúde e qualidade de vida.
::. LIÇÕES APRENDIDAS
- Projeto representa uma estratégia de estrema relevância
na abordagem aos usuários de drogas e no acesso à
sua rede de sociabilidade;

- A necessidade de autorização interna, sobretudo
do tráfico, para implantação do trabalho nas
áreas;
- A necessidade de inclusão de atores sociais locais e comprometimento
da população com a proposta de RD;
- A relevância das oficinas na proposta de desenvolvimento
comunitário e ampliação da interação
local entre usuários e não usuários de drogas.
::. DESAFIOS
- Novas estratégias de atuação, frente às
atuais características organizacionais do tráfico
e à violência, inclusive aquela decorrente de intervenções
policiais com o verdadeiro papel da Segurançapública;
- Desenvolvimento de atividades específicas para crianças
e adolescentes em situação de riscos, sobretudo àquelas
que interagem quotidianamente com as questões de consumo
e venda de drogas;
- Comprometimento dos setores públicos com a sustentabilidades
das ações;
- Encaminhamento de demandas de saúde em locais onde a única
referencia é o Projeto Pontos Móveis;
- Implementar ações de imunização contra
Hepatite B e Tétano entre a população usuária
de drogas.
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